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6 estratégias para abordar riscos com a ISO 9001

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abordar riscos

Olá colegas, tudo bem!? Sou Marco Guerra, consultor em Sistemas de Gestão, e no artigo de hoje vou dar continuidade ao tema da Mentalidade de Risco, presente na versão vigente da ISO 9001, compartilhando assim algumas dicas importantes sobre como os riscos podem ser abordados dentro do contexto do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), de maneira adequada e eficaz.

No meu último artigo publicado aqui no Blog, falei sobre o processo de identificação de riscos. Recapitulando, a principal mudança presente na última versão da ISO 9001 refere-se à atualização do modelo conceitual de abordagem de processo, na qual se incluiu como entradas do SGQ requisitos pertinentes ao entendimento do contexto da organização (resultantes da análise SWOT) e das necessidades e expectativas das partes interessadas.

No post, indiquei que essas fraquezas e ameaças identificadas (análise SWOT) e as necessidades das partes interessadas não abordadas nos processos do SGQ são considerados riscos, ou seja, existe uma probabilidade de que esses aspectos podem impactar nos processos e nos resultados e na eficácia do SGQ. 

Assim, a mentalidade de risco foi introduzida em todas as novas normas (da família ISO) pertinentes a sistemas de gestão, visando induzir as empresas a analisarem esses riscos e seus respectivos impactos e a planejarem ações adequadas para abordá-los em seu SGQ, visando blindá-lo desses potenciais problemas.

A ideia é evitar ações inadequadas, do tipo ”usar um estilingue para acertar um tanque” ou “usar uma bazuca para matar uma formiga” – ou seja, não destinar os recursos necessários para atuar sobre um grande problema;  e não despender muito tempo, energia e dinheiro em um pequeno problema potencial que a empresa pode (ou não) ter.

Por isso  além da necessidade de termos um bom entendimento do impacto e da probabilidade desses riscos ocorrerem, é fundamental também conhecermos as 6 estratégias, descritas a seguir, para abordá-los de forma eficaz.

  1. Evitar o risco: essa estratégia é focada em estabelecer uma ação que evite que o processo ou situação ocorra. Um exemplo é o risco de usar um material inovador em sua obra sem as garantias prévias (laudos e ensaios) que ele tenha o desempenho prometido. Evitar esse risco seria não especificar e não usar esse material até o término do processo de homologação dele, onde todos os questionamentos e pendências técnicas teriam que ser resolvidos. Quando o risco é muito crítico como este, recomenda-se controles do tipo evitar ou eliminar, conforme descrevo a seguir…

 

  1. Eliminar o risco: essa estratégia tem foco em eliminar o efeito (impacto) do risco, enquanto o processo (ou situação) continua ocorrendo. Por exemplo, o risco da aprovação de compras acima de uma determinada alçada por pessoas não autorizadas. Ao criar travas no sistema com esse tipo de permissão, esse risco é eliminado, e o processo de compras continua ocorrendo, agora blindado contra esse tipo de problema que poderia ocorrer.

 

  1. Mitigar o risco: essa estratégia tem foco em reduzir a severidade do efeito (impacto potencial) e/ou a probabilidade dele ocorrer, como, por exemplo, a decisão de terceirizar a inspeção final, que antecede a vistoria de entrega ao cliente. A realização dessa atividade, quando feita por uma empresa especializada, com imparcialidade no processo, reduz significativamente tanto a probabilidade como a gravidade dos problemas que podem ocorrer na entrega das unidades aos clientes. Apesar disso, mesmo com esse risco mitigado a um nível aceitável pela organização, pequenos problemas ainda podem ocorrer…

 

  1. Transferir o risco: essa estratégia tem foco em compartilhar o efeito do risco identificado com uma terceira parte, como por exemplo, a contratação de um seguro de obra, no qual esteja prevista a cobertura (até um determinado valor) contra eventuais danos e incidentes que a obra possa causar às edificações vizinhas. Nesse caso, parte desse ônus sobre o risco foi transferido para a seguradora.

 

  1. Reter o risco: essa estratégia tem foco em reter o efeito do risco ou, simplesmente, não estabelecer novas ações e continuar convivendo com o risco mediante alguma justificativa, na qual existe o entendimento que o mesmo possui um baixo impacto (probabilidade e severidade) e que já existem controles do SGQ pertinentes a ele. Um exemplo é o risco de um serviço executado estar não-conforme em uma Construtora que já possui processos de execução e de controle bem definidos e maduros (FVS, PES, QRO, Auditorias etc.). Diante destes processos, conclui-se que não existe a necessidade de criação de novos controles, pois os existentes no SGQ são suficientes e eficazes, segundo análise de dados e dos indicadores dessa empresa, retendo assim esse risco.

 

  1. Assumir o risco: essa estratégia possui um conceito similar ao reter, porém ele ocorre quando estamos buscando aproveitar uma oportunidade, como por exemplo, cito um Engenheiro de obra que toma a decisão de antecipar a execução de serviços não previstos no cronograma do mês, mesmo conhecendo os risco envolvidos (aumento das despesas e da exposição no fluxo de caixa, problemas na logística da obra, entre outros), para buscar a oportunidade de antecipar a entrega da obra, reduzir custos indiretos e aumentar a satisfação do cliente.

Enfim, com adoção dessas estratégias, você conseguirá estruturar melhor seu raciocínio, resultando em ações mais adequadas e assertivas, principalmente em relação ao custo/beneficio delas, e terá um controle mais eficaz dos riscos de sua empresa.

Espero que tenha gostado do artigo e que ele tenha contribuído para um maior entendimento sobre essa fase crítica da análise de riscos e planejamento das ações para abordá-los, ajudando a pôr em prática em sua empresa os conceitos aqui apresentados.

No próximo artigo, darei continuidade a esse tema abordando as oportunidades, ou seja, a antítese do “risco”. Quando abordadas de forma planejada e estruturada em um projeto, elas trazem grandes benefícios ao SGQ e impactos positivos nos resultados da empresa.

Agradeço se puder compartilhar este artigo com seus contatos e nos siga aqui no blog e no meu Linkedin (linkedin.com/in/marcoguerra1977) para receber mais informações e publicações.

Se houver algum tema ou dúvida que gostaria que eu abordasse nos próximos artigos, peço a gentileza que me envie mensagem pelo meu Linkedin.

 

Muito obrigado pela atenção e um grande abraço!

Marco Guerra                                                                                                                                           

Artigo anteriore-Book: “Engenharia de Custos”, de Paulo Roberto Vilela Dias
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Marco Guerra, Diretor da MGUERRA Engenharia, construiu sua carreira profissional, iniciada em 1997, dedicando-se a promover a melhoria dos resultados (financeiros, qualidade e sustentabilidade) e o controle dos riscos das empresas que atuava e, posteriormente, de seus clientes de consultoria (construtoras e incorporadoras). Engenheiro Civil e Mestre em Habitação na área de Tecnologia em Construção de Edifícios pelo IPT com especialização em Administração de Empresas e em Engenharia de Segurança do Trabalho. Auditor Lead Assessor nas normas ISO 9001, PBQP-H, QUALIHAB, ISO 14001, OHSAS 18001 e ISO 45001. Capacitação em Gerenciamento de Projeto, em Gestão de Riscos (ISO 31000) e na Norma de Desempenho (NBR 15575). Atuou por mais de 10 em grande empresa de consultoria, onde era responsável pelo desenvolvimento e atualizações de metodologias aplicadas nos projetos e pela coordenação e condução de projetos relacionadas à implantação, manutenção, melhoria, treinamentos, cursos e auditoria internas em Sistema de Gestão da Qualidade e Integrada (Qualidade, Ambiental, e Saúde e Segurança do Trabalho) e monitoramento e avaliações técnicas em Obras, tendo ajudado incorporadoras e construtoras de diversos portes e segmentos de atuação (mercado imobiliário, HIS, empreendimentos corporativos e obras industriais) a melhorarem seus resultados e a obter e manter certificações (PBQP-H, ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001 entre outras) necessárias para o crescimento de seus negócios. Entre jul/2012 a Mai/2014 atuou como Gerente de Produção em Incorporadora, e de 1997 a 2006 atuou em atividades relacionadas ao gerenciamento de obras e na coordenação de SGQ. Professor convidado nos cursos de Mestrado Profissional do IPT e de pós-graduação de “Gerenciamento de Empreendimentos na Construção Civil” do Mackenzie. Coautor do livro “Sistema de Gestão Integrada (SGI) em construtoras de edifícios – Como planejar e implantar um SGI” (PINI, 2010), onde foram abordados conceitos e soluções práticas relacionadas à gestão da qualidade, da produtividade, ambiental, da saúde e segurança no trabalho, da responsabilidade social e da inovação. Coautor do 2º capítulo do Livro de Materiais de Construção Civil do IBRACON (3ª Ed., 2017), onde foi abordado o tema Qualidade e Desempenho na Construção de edificações habitacionais. Palestrante no Construtech 2011 – Seminário sobre “Orçamento, Coordenação de Projetos e Planejamento de Obras”, em evento sobre “Gestão Integrada na Construção” (CTE, 2009) e em Aula Magna do Mestrado Profissional do IPT (23/jan/18). Inscrito no CREA-SP e na Ordem dos Engenheiros de Portugal.

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