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Abaixando a curva para o manejo das águas pluviais

Abaixar a curva para o manejo das águas pluviais é um modo de reduzir o risco de inundações evitando a saturação da rede de drenagem

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Atualmente estamos já familiarizados com o conceito de abaixar a curva aplicado à emergência coronavírus: distanciamento social e lockdown foram os principais instrumentos utilizados para reduzir a difusão da doença. Sem essas medidas os hospitais poderiam ficar completamente saturados e as pessoas não teriam um tratamento adequado, aumentando assim os decessos. Abaixar a curva foi o modo de permitir ao sistema de saúde de atender a demanda evitando uma tragédia anda pior.

Esse conceito de abaixar a curva é o mesmo conceito que temos falado nos últimos anos para o manejo das águas pluviais. Abaixar a curva de vazão x tempo, conhecida como hidrograma, é um modo de reduzir o risco de inundações através da redução e amortecimento da vazão de pico e do volume de escoamento, evitando a saturação da rede de drenagem. Para atingir esse efeito é necessário incentivar o manejo na fonte ao contrário de direcionar toda a água da chuva através de galerias pluviais

Muitas legislações já levam em conta essa necessidade de abaixar a curva das águas pluviais pois em muitas cidades fica inviável manejar a água da chuva no modo tradicional. Essas legislações, como por exemplo a LEI Nº 16.402 de uso e ocupação de solo no município de São Paulo, tratam essa questão através da limitação da vazão máxima de saída do lote e da exigência da construção de mini reservatórios de detenção. Vale ressaltar que não necessariamente esta é a melhor estrada. Vários reservatórios de detenção espalhados pela cidade descarregando por longos períodos, mesmo que dentro dos limites de vazão de lei, ainda assim podem causar saturação na rede a jusante.

Jardim de Chuva – Largo das Araucárias. Projeto construído em mutirão organizado por Cardim Arquitetura e Fluxus Design Ecológico. Mais informações aqui. Imagem gentilmente cedida pela Fluxus Design Ecológico.

Se o objetivo é emular a natureza não basta adotar um limite de vazão de saída teoricamente coerente com a condição de “pré-urbanização”, mas realmente observar como a transformação chuva-vazão acontece em ambientes naturais. Devemos aumentar a presença de vegetação facilitando a interceptação de parte da água da chuva, onde eventos de pequena altura de chuva não chegam a gerar escoamento superficial, criando por exemplo mais “florestas de bolso” através da cidade. Devemos aumentar as depressões superficiais e tentar infiltrar a maior quantidade possível de chuva, utilizando planters, jardims de chuvas e depressões no terreno para facilitar a retenção. Devemos incentivar a captação e reutilização da água da chuva unindo o manejo das águas pluviais com a economia de água potável. Devemos, como conceito em projetos de manejo, considerar a água da chuva como um recurso e não um resíduo e assim abaixar a curva para um futuro resiliente e sustentável.

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