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Construção civil na trajetória da ética sustentável

Ter ética sustentável significa assumir a responsabilidade e esse movimento decorre da sinergia entre o propósito da empresa e o seu papel na sociedade

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A cadeia que compõe o mercado de construção civil deve ressignificar seus objetivos para chegar a compreensão de que não se trata de construir ou melhorar as habitações, mas sim de transformar a vida de milhões de pessoas.

Por Marcos Bicudo, O Estado de São Paulo. Em um mundo em constante transformação, é preciso refletir sobre o protagonismo da sustentabilidade e quais os impactos desse amplo conceito em mercados relevantes para a economia do país, como a construção civil.

Os aspectos que envolvem a sustentabilidade são alicerçados em estruturas complexas que dizem respeito à sobrevivência de uma organização, dentro do contexto atual da necessidade de sustentação de todo um ecossistema.

É preciso transformar como forma de sobreviver. Dados do Circle Economy, 2020, uma organização sem fins lucrativos, apontam que o mundo é apenas 8,6% circular, sendo que a economia global consome 100 bilhões de toneladas de materiais por ano. Mas o que é ser circular?

O CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – traz uma visão para 2050 que contempla a economia circular como um sistema proveniente de soluções de negócios que contribuam para eliminar resíduos e poluição desde o princípio; manter produtos e materiais em uso em seu máximo valor e regenerar sistemas naturais, valorizando a sociobiodiversidade brasileira.

A construção civil no país caminha para a compreensão de que é fundamental incluir a ética sustentável como meio potencializador de crescimento e viabilidade econômica. Reduzir os impactos ambientais, garantir a qualidade de vida das pessoas e fomentar a transparência financeira com foco na divulgação dos indicadores de desempenho socioambientais já são requisitos imprescindíveis.

As práticas precisam começar no centro de cada agente e devem contemplar o exercício da consciência desde o planejamento das ações, que são tanto nas obras quanto no dia a dia das empresas. Ainda há muitos caminhos a percorrer e diversas oportunidades que se desenham nessa trajetória, tendo em vista que nosso setor é um dos que mais consomem recursos.

Contamos com construtechs, que são as startups da construção civil, focadas no desenvolvimento de soluções tecnológicas capazes de atender a essa grande demanda por eficiência para minimizar os danos, que vão desde o consumo excessivo dos recursos naturais até a necessidade da digitalização das plantas nos canteiros.

Todo esse movimento deve começar de dentro para fora. Isto é, tem que estar presente nas práticas das indústrias e de toda a cadeia envolvida no setor. Esse é o caminho da efetividade porque dessa forma se faz possível modificar um padrão cultural de consumo arraigado há anos no nosso mercado. É preciso repensar a forma de construir e, ao mesmo tempo, é imprescindível repensar as práticas internas.

E, quando olhamos “para dentro”, compreendemos a importância de resolvermos questões como o gasto excessivo de energia elétrica. Ter uma matriz energética sustentável, com fontes limpas como a eólica e a solar, evita a emissão de toneladas de CO2, que alteram o clima, causando fortes chuvas ou secas extremas. Trata-se de uma mudança de consumo que permite o pertencimento a uma categoria de “empresa B”, que são organizações cientes de sua responsabilidade frente aos impactos socioambientais.

Formas inteligentes de atuar trazem a prática de ações para a redução dos resíduos, consumo de água, logística reversa das embalagens, tratamento e reaproveitamento de efluentes, saúde e segurança, diversidade e igualdade de oportunidades e ainda a necessidade da servitização, com soluções que incluem a população de baixa renda.

Ter ética sustentável significa assumir a responsabilidade e esse movimento decorre da sinergia entre o propósito da empresa e o seu papel na sociedade. A cadeia que compõe o mercado de construção civil deve ressignificar seus objetivos para chegar a compreensão de que não se trata de construir ou melhorar as habitações, mas sim de transformar a vida de milhões de pessoas.


*Marcos Campos Bicudo é presidente da Vedacit.

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