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Empresas preparam teste de Covid-19 em trabalhadores da construção civil

Crescimento da contaminação de covid-19 no setor da construção civil colocaria funcionários em risco e exigira paralisação de obras

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Operários usam máscaras em obras; item foi incorporado à proteção desde o agravamentos da pandemia do coronavírus (Eduardo Knapp/Folhapress).

Por Laura Mattos, Folha de São Paulo. Diante do avanço do novo coronavírus na periferia e da dificuldade em se realizar exames de Covid-19 nos hospitais públicos, empresários da construção civil começaram a comprar testes para seus trabalhadores.

Há temor de um crescimento da contaminação no setor, o que, além de colocar funcionários em risco, pode levar à paralisação de obras.

Foram já comprados 6.000 testes rápidos de sorologia pelo Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo), que serão repassados às construtoras a preço de custo. Segundo Haruo Ishikawa, presidente da entidade, os kits para os exames foram adquiridos de uma fábrica norte-americana localizada na China, por R$ 100 a unidade.

Esse tipo de exame é o mesmo que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou no dia 28 de abril, para farmácias e drogarias. É feito a partir de uma pequena amostra de sangue coletada com uma picada no dedo do paciente, que precisa estar entre o sétimo e o décimo dia desde o início dos sintomas.

O resultado sai em 15 minutos, mas apresenta uma taxa de falsos negativos considerada alta, com uma confiabilidade menor do que a dos realizados pelos hospitais para a contagem oficial dos casos, cujo material de análise são gotículas do nariz e da garganta. Nesse caso, a resposta, sem contar a demora com a fila, leva 48 horas.

Seconci-SP já está reservando kits para as construtoras, que devem encaminhar os funcionários com suspeita de contaminação para seu ambulatório na avenida Francisco Matarazzo, no bairro da Água Branca, em São Paulo. Os testes deveriam ter chegado no dia 27 de abril, mas houve atraso com a importação e a nova data prevista foi para 7 de maio, para um primeiro lote, de 4.000 testes. Os 2.000 restantes têm previsão de chegada para o dia 14 (quarta-feira).

Diante disso, há procura por soluções mais imediatas, sem necessariamente passar pelo Seconci-SP. Um empresário da capital paulista, que pediu para não ter o nome revelado, negocia com dois laboratórios a compra de 50 testes para seus funcionários, após um deles ter sintomas condizentes com a Covid-19 e não conseguir realizar o exame na rede pública de saúde.

Um dos laboratórios se ofereceu para realizar os testes na obra, enquanto o outro só entregaria os kits. Nesse caso, a construtora poderia contratar um médico ou um enfermeiro particular ou solicitar um profissional de saúde do Seconci-SP. Os preços dos testes negociados com essa construtora ficaram entre R$ 250 e R$ 300 por unidade.

A construção civil está entre os setores autorizados pelo governador João Doria a seguir em atividade, excluída do confinamento social em vigor desde 24 de março.

A estimativa é que 85% das obras na Grande São Paulo estejam operando normalmente, de acordo com Odair Senra, presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo).

Desde o início da pandemia no Brasil, as construtoras foram orientadas a tomarem medidas para evitar a contaminação, como o afastamento entre os trabalhadores nas obras e nos refeitórios, a instalação de lavatórios com água e sabão e a distribuição de álcool em gel para a higienização das mãos, além do uso de máscaras, orientação passada posteriormente.

Também foi indicada a compra de termômetros para monitorar diariamente a temperatura dos profissionais logo no início da jornada.

A construção civil, de acordo com o SindusCon-SP, emprega atualmente 676 mil trabalhadores no estado de São Paulo, dos quais 245 mil estão na capital.

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