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Custo da construção tem alta de 4,74% em janeiro

Trata-se do maior resultado para o mês desde 1995 e foi especialmente influenciado pelo incremento de 8,78% no custo com a mão de obra

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Mara Bianchetti, Jornal do Comércio. Depois de um ano marcado pela alta nos preços dos materiais de construção e um aumento de 17,45% no Custo Unitário Básico (CUB/m²) no acumulado de 2021, o custo da construção iniciou 2022 mantendo a trajetória de crescimento. O índice aumentou 4,74% em janeiro. Trata-se do maior resultado para o mês desde 1995 e foi especialmente influenciado pelo incremento de 8,78% no custo com a mão de obra.

“Ao contrário dos últimos dois anos, desta vez, a principal influência veio da mão de obra. As negociações coletivas ainda estão em curso, mas várias empresas anteciparam a correção para os salários dos trabalhadores. A força de trabalho responde por cerca de 50% nos projetos de padrão normal de acabamento, o que vai acabar influenciando no lançamento de unidades populares, pois as construtoras estão sem margem para absorver e nem todo custo é passível de se repassar”, explica a economista do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ieda Vasconcelos.

A grande questão é que é justamente o segmento de baixa renda que concentra o maior déficit habitacional do País. Conforme o Censo do Mercado  Imobiliário, realizado pela Brain Consultoria para o Sinduscon-MG, do total de 4.515 apartamentos lançados em 2021, 22,92% (1.035 unidades) eram de padrão  econômico (até R$ 236,5 mil) e 40,42% (1.825 unidades) eram do padrão standard (de R$ 236.501 até R$ 500 mil). Foi a primeira vez, no levantamento deste trabalho, que os lançamentos do padrão standard superaram o observado no padrão econômico.

O total de lançamentos do padrão econômico em 2021 recuou 38,61% em relação ao ano de 2020, passando de 1.686 unidades para 1.035. Os lançamentos do padrão standard registraram alta expressiva: 263,55%, uma clara demonstração de migração das construções do segmento econômico para o padrão imediatamente acima. O número de unidades lançadas neste segmento passou de 502 em 2020 para 1.825 em 2021, o maior patamar da série histórica do Censo Imobiliário. Com esse resultado, o padrão standard respondeu por 40,42% do total lançado no ano passado enquanto, em 2020, esse número foi de 13,46%.

Além disso, no ano passado, foram vendidos, no padrão econômico, 1.969 unidades, o que representou 37,19% do total comercializado e crescimento de 64,49% em relação ao  ano anterior. Importante ressaltar que esse número correspondeu a quase o dobro dos lançamentos nessa faixa de valor. Portanto, observa-se que a queda de  lançamentos nesse segmento não aconteceu em função de retração na demanda,  que continua forte, mas sim em função das dificuldades na produção, como a  expressiva elevação nos custos com os insumos.

Conforme Ieda Vasconcelos, preocupam os sucessivos aumentos do custo que o setor vem registrando desde 2020. Para se ter uma ideia, entre janeiro de 2020 e janeiro de 2022 – o CUB aumentou 32,6% – apenas a variação do custo com material foi quase o dobro: cerca de 60%. “Para o setor seguir como grande empregador e impulsionador da economia, precisa manter o ritmo de lançamentos e vendas, mas esses aumentos acumulados em tamanha proporção acabam inibindo esse movimento”, alerta.

Ano desafiador

Por isso, 2022 é visto pela entidade como desafiador para o Brasil. Além dos sucessivos aumentos, há a conjuntura nacional marcada pelo aumento da taxa básica de juros (Selic) e as incertezas próprias do período eleitoral, que, combinados, poderão prejudicar ainda mais o setor. “Esse cenário pode impactar o mercado de trabalho e atingir o mercado imobiliário”, alerta.

Na outra ponta, o baixo patamar do estoque de novas unidades para serem comercializadas, especialmente nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima (RMBH), faz com que a expectativa do segmento imobiliário nas cidades caminhe para o lado positivo. De acordo com o Sinduscon-MG, considerando o estoque atual de 2.285 unidades e a média mensal de vendas no ano passado (441 unidades), caso não aconteçam lançamentos, em cinco meses essa oferta se esgota e poderá vir a faltar imóveis novos nas referidas cidades. Assim, observa-se que, para atender à demanda, necessariamente novos lançamentos precisarão acontecer. E nesse cenário persistente de aumento nos custos, os preços dos imóveis tendem a aumentar.

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