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Depois de queda nas vendas em 2020, Idea!Zarvos aposta em ‘Airbnb’ de luxo

Conhecida por projetos exclusivos, especialmente no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, incorporadora aposta em imóveis de locação com projeto de Isay Weinfeld; apartamento de 70 metros quadrados custará R$ 8 mil por mês

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Cozinha de apartamento para aluguel de temporada da incorporadora Idea!Zarvos. Foto: Idea!Zarvos/Reprodução.

Por Lílian Cunha, especial para o Estadão. Lençóis Trousseau, móveis garimpados nas melhores lojas de design, arquitetura e interiores assinados pelo arquiteto Isay Weinfeld. Um luxo só – e para aluguel temporário, como se fosse um Airbnb. Essa é a nova empreitada da Idea! Zarvos, a incorporadora paulistana famosa por integrar natureza e urbanidade em seus projetos, concentrados sobretudo na região da Vila Madalena, em São Paulo. 

 A ideia de uma nova forma de comercializar imóveis veio das dificuldades de um mercado cada vez mais cheio de incertezas: os ricos vão continuar morando aqui? Ou vão se mudar para o litoral? O trabalho vai ser presencial, híbrido ou online? Por isso, a empresa dos sócios Otavio Zarvos, Luiz Felipe Carvalho e Paulo Velasco decidiu experimentar o negócio dos aluguéis por temporada.

A decisão reflete também o difícil momento da economia, que também teve reflexos para a Idea!Zarvos, obrigando a incorporadora a buscar alternativas. Antes da pandemia, em 2019, a companhia vendeu o equivalente a R$ 1 bilhão. No ano passado, caiu para R$ 400 milhões. Em 2021, a expectativa é chegar a R$ 600 milhões.

A nova plataforma foi batizada de Paulistano e seu menor apartamento tem 70 metros quadrados, um dormitório, pé direito duplo e áreas para reuniões. O aluguel mínimo é de 30 dias, por R$ 8 mil ao mês. Inclui serviços de limpeza, internet e contas de consumo (luz, água, gás). A empresa planeja para os próximos quatro anos lançar aproximadamente 230 novos apartamentos e prédios inteiros para a locação.

“A gente vive uma época de incertezas. E trabalhamos num ramo em que o prazo de maturação dos projetos é muito longo. Pessoalmente, acho que o trabalho remoto não é para sempre. Mas é o que eu acho. Ninguém sabe o que vai acontecer. Então precisamos ser o mais flexíveis possível”, diz Otavio Zarvos, que trocou a Vila Madalena por Ilha Bela na pandemia.

Mais agilidade

Da concepção do projeto à entrega das chaves, a indústria imobiliária leva pelo menos três anos para concluir todo o processo. “E num mercado como o de São Paulo, onde temos mais de 400 incorporadoras atuando, quem fizer o produto errado fica para trás”, diz Basilio Jafet, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). 

“Como as mudanças agora são mais rápidas, temos de descobrir como as coisas vão ficar ao mesmo tempo em que vamos fazendo, em que vamos construindo. E para minimizar os riscos, precisamos de dados, de estatísticas, de muito estudo para poder ser flexível ao máximo”, explica Jafet.

E capacidade de detectar tendências é o que Otavio Zarvos garante que a Idea!Zarvos tem. “Quando começamos a companhia, há 15 anos, vimos que tudo era muito convencional, que os imóveis precisavam evoluir como evoluem os carros, os produtos, os telefones”, explica. Por isso, o primeiro prédio residencial lançado pela empresa tinha plantas que o cliente podia modificar como quisesse: era o comprador quem decidia onde ficavam os quartos, a cozinha, a planta toda. 

Foi esse primeiro empreendimento, o 4 x 4, do arquiteto Gui Mattos, em Pinheiros, que chamou a atenção do mercado para a então pequena incorporadora. O prédio já apresentava todos os três pontos básicos que regem os projetos da marca: arquitetura autoral feita por nomes famosos; análise do entorno do prédio (com calçadas mais largas para pedestres, ausência de muros, lojas no térreo) e um estudo aprofundado das necessidades do bairro. 

“Historicamente, o mercado imobiliário segue a vocação da região: na Berrini, escritórios. No Morumbi, casas. A gente não faz isso. Vamos contra essa receita”, conta Zarvos. 

Em Pinheiros e na Vila Madalena, por exemplo, a Idea!Zarvos detectou, há mais de dez anos, que pouca gente trabalhava lá. Por isso, projetou edifícios comerciais como o Corujas, na Rua Natingui, cheios de plantas, onde os escritórios têm varandas e jardins privativos. E assim atraiu empresas da economia criativa para o bairro. “Ter um pouco de cada coisa: casas, comércio, trabalho… Essa é a situação ideal para qualquer bairro”, diz o incorporador. 

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