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Edifícios verdes entram no foco dos investidores

Mudanças climáticas e aquecimento global têm levado os investidores do mercado imobiliário a ter mais critérios na escolha dos ativos para compor suas carteiras

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Valor Econômico. À medida em que os compromissos corporativos com metas de carbono zero ganham impulso, aumenta o foco na eficiência energética dos edifícios. Grandes empresas imobiliárias, incorporadoras e investidores estão cada vez mais alinhando projetos com padrões de construção de eficiência energética. A International Finance Corporation, do Banco Mundial, prevê que os edifícios verdes serão uma das maiores oportunidades de investimento global ainda nesta década.

Isso porque, dentro do atual contexto de mudanças climáticas e intensificação do aquecimento global, investidores do mercado imobiliário estão cada vez mais criteriosos na escolha dos ativos que irão compor suas carteiras. Hoje, muitos consideram, além da rentabilidade, a responsabilidade socioambiental das empresas como um fator decisivo. O presidente da Tishman Speyer, Daniel Cherman, concorda e enfatiza ainda que “a sustentabilidade é um caminho sem volta, não importando o quanto possa onerar os custos de um empreendimento”.

Com investimentos da ordem de mais de US$ 86 bilhões em empreendimentos imobiliários ao redor do mundo, o grupo vem ampliando sua atuação no Brasil com a incorporação de projetos no segmento de renda de aluguel de ativos corporativos de alto padrão, através do Fundo de Investimento Imobiliário (FII) Tishman Speyer Renda Corporativa – TSER11. Um deles é a torre de 19,5 mil metros quadrados localizada em Barueri (SP), no complexo de escritórios Castelo Branco Office Park, que abriga a sede da DuPont no Brasil, alugada por meio de um contrato na categoria buit-to-suit.

Na capital paulista, entre outros, a Tishman Speyer foi responsável pela construção do icônico edifício Faria Lima 3500, conhecido por sua fachada inteiramente de vidro e na forma de um trapézio invertido – o empreendimento é apontado como um dos mais modernos e arrojados localizados no centro financeiro de São Paulo, exemplo de projeto que une design ousado, engenharia e sustentabilidade.

De acordo com Cherman, há uma forte tendência dos investidores institucionais em direcionar seus recursos exclusivamente para projetos sustentáveis, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. “No Brasil, essa tendência começa a se consolidar entre os investidores institucionais, especialmente entre os fundos de investimentos”, avalia.

Do ponto de vista dos inquilinos, o executivo afirma que no Brasil as companhias internacionais são as que demonstram maior preocupação em ocupar empreendimentos green building, mesmo que isso possa neste momento significar um aumento de custo da ordem de 5% a 10%. “O fato de estarem sediadas em prédios certificados ambientalmente acaba se refletindo positivamente nos relatórios de sustentabilidade dessas empresas”, argumenta Cherman.

Risco financeiro

De fato, o risco climático vem sendo avaliado como risco financeiro por empresas com atuação global. Segundo o estudo “Descarbonização do Ambiente Construído”, realizado pela JLL nos Estados Unidos, essa é uma realidade para 78% dos investidores. A pesquisa atesta ainda que investidores, incorporadores e construtoras consideram estão cada vez mais fatores de risco climático ao decidir onde comprar ou construir um empreendimento.

Para Rafael Birmann, presidente da Birmann S.A., os players do mercado imobiliário que não se atentarem às questões ESG (ambientais, sociais e de governança) terão sua capacidade de operação comprometida no longo prazo. “É preciso que essas preocupações estejam realmente no dia a dia das empresas e não apenas como estratégia de marketing. O tempo vai diferenciar uma ação de outra.”

A Birmann S.A. foi responsável pela implantação do padrão triple-A de prédios corporativos no Brasil como o emblemático B32, conhecido como “o prédio da baleia” – por causa da escultura metálica de seis metros de altura e 20 de comprimento na forma do mamífero.

O prédio tem capacidade para gerar toda a energia que consome e recicla a própria água, por meio de moderna estação de tratamento com tecnologia de membranas e ozônio. Somada à captação da água de chuva e ao poço artesiano, possibilita um elevado nível de resiliência, sustentabilidade e autonomia no consumo de água.

“Não só empresas que ocupam imóveis corporativos, mas muitos investidores exigem práticas ESG como pré-requisito para suas teses e escolha do ativo ideal e a capacidade de obter maior retorno sobre seus investimentos”, diz Mariana Hanania, diretora de Pesquisa e Inteligência de Mercado da Newmark e responsável por estatísticas do mercado de escritórios de alto padrão.

Além da maior atratividade para os investidores institucionais, o CEO do Green Building Council (GBC) Brasil, Felipe Faria, cita ainda outras vantagens comparativas dos empreendimentos certificados: aumento na velocidade de ocupação, maior retenção do locatário e, principalmente, valorização do preço por metro quadrado.

“Dados de diversas pesquisas já realizadas sobre o tema nos mostram o quanto o retorno financeiro de edifícios certificados pode ser mais atrativo em comparação com o restante do mercado”, informa.

Com base na pesquisa “Are green labels more valuable in emerging markets”, realizada pelo GBC, Faria afirma que há uma relação positiva entre a taxa de adesão e os selos ambientais. Em grandes cidades dos Estados Unidos, por exemplo, os edifícios comerciais com certificados LEED e/ou Energy Star representaram quase 50% das vendas entre 2007 e 2012 de empreendimentos classe A.

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