A gestão sustentável da água de chuva tem como filosofia combinar oportunidade de biodiversidade e lazer nos sistemas de drenagem urbana. Respeitando essa filosofia os jardins de chuva são compostos de pequenas depressões que permitem acumular temporariamente a água da chuva até a sua infiltração no solo. Nesses jardins são plantadas espécies nativas que resistem aos períodos de inundação e seca local.
Usando esse conceito foi idealizada pelos coletivos locais Pagode da 27, Ecoativa, Nóis por Nóis e Vila Cidades uma intervenção, realizada como parte do programa Bairro Legal pela Subprefeitura de Capela do Socorro (Município de São Paulo) no Escadão da 27 na divisa entre o Parque Grajaú e o Jardim Castro Alves. O projeto tem como objetivo realizar melhorias em bairros de periferia trazendo benefícios e inclusão para a população através da urbanização. O plantio do jardim de chuva foi realizado em forma de mutirão, o projeto realizado pelo arquiteto Fernando Babler Sassioto da OS3 Arquitetura.
O jardim de chuva foi dividido em dois compartimentos, o primeiro preenchido com entulho com a função de filtrar a água garantindo a remoção de parte dos detritos e poluentes antes de chegar no jardim propriamente dito. A ligação entre os dois compartimentos é feita através de tijolos vazados. O compartimento de plantio possui uma camada de 15 centímetros de entulho com um ladrão posicionado acima desta camada e depois preenchida com substrato para plantio. A base dos compartimentos permite a infiltração no subleito.
De execução muito simples, o primeiro passo foi quebrar o piso existente (Figura 1) e construir os canteiros em alvenaria, utilizando blocos vazados entre os dois compartimentos (Figura 2). Na Figura 3 podemos ver os compartimentos posicionados para receber a área do patamar superior da escada.
Na Figura 4 vemos o compartimento filtrante completamente preenchido com entulho e o compartimento de plantio com uma camada de entulho e um tubo “ladrão”. Na figura 5 vemos o detalhe do muro entre os dois compartimentos e o fundo da base.
O projeto foi executado com participação da subprefeitura e da população, ambos levaram mudas para o plantio do jardim de chuva e ajudaram na sua execução. Depois de pronto foram feitos ainda grafites (vizinhos e coletivo Imargem) explicando inclusive a função do sistema. Grande parte do sucesso desse tipo de infraestrutura é envolver a população na sua concepção e execução. Nas figuras abaixo podemos ver o jardim de chuva finalizado.
Os coletivos, e subprefeitura com o projeto Bairro Legal, devem organizar outros mutirões de plantio para execução de novos jardins de chuva, quem quiser contribuir pode obter informações no site da Subprefeitura de Capela do Socorro.