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Nativos digitais. Esse artigo é 99,7% autêntico.

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Nativos Digitais
baby or young child in a stroller holding laptop with dummy and baby bottle on the screen

Lendo a entrevista das páginas amarelas da revista VEJA de 4 de abril de 2018, conheci um pouco sobre o especialista em educação Marc Prensky de Harvard e Yale, criador do termo “nativos digitais”. Para os não-familiarizados, esse termo é o que designa os já nascidos na era da internet.

O “nativo digital” seria habilidoso com as novas tecnologias, realizaria muitas tarefas ao mesmo tempo, estaria acostumado a receber muita informação rapidamente e se beneficiaria do uso de tecnologia digital em seu aprendizado.  O consenso aplicado hoje é de que a primeira geração de nativos digitais teria nascido entre 1980 e 1984.

Faço aqui algumas reflexões sobre o cotidiano na vida pessoal e no trabalho deles, comparando com as “nossas”, mais antigas, por assim dizer, clássicas.

Inicio sob o prisma mais elementar da comunicação. A Internet permitiu a criação de turmas, grupos e empresas que funcionam à distância. Aliás, o conceito de distância foi minado. Nada mais normal hoje, você fazer um trabalho em grupo sentado na cadeira da sua casa, na sua cama ou na sua escrivaninha (aliás, ainda existem escrivaninhas?). Os fóruns digitais da sua escola ou faculdade, seu grupo de WhatsApp, do Facebook são as novas salas de aula, sem giz branco e lousa. Nas empresas, o conceito de trabalho colaborativo inclui óculos de VR / AR onde a maior dificuldade talvez seja fazer caber o fuso-horário conveniente para todos.

Sobre os  registros  ou material impresso, o mundo mudou bastante. Dos livros encapados com plástico ou “contact” para durar mais, aos e-books. Carregavam-se quilos em malas (mochilas eram novidades…), que eram comprados no início de cada ano, ou passados entre irmãos ou amigos. Hoje os repositórios estão nas nuvens, disponíveis em alguns cliques. Além as imagens, vídeos são abundantes e permitem a compreensão e memorização com mais clareza e facilidade.

Imagino a questão dos “trabalhos” que me eram cobrados, nos anos 70-80 (eu sou um “imigrante digital”), quando comparados a hoje. Resultados de muita pesquisa, leitura e cópia, tinham muito do DNA do autor (um pouco dos pais e amigos, por vezes). Depois do Google e da dupla “Copiar-Colar”, imagino que o trabalho maior dos professores é tentar capturar a originalidade e autenticidade dos trabalhos.  Há de tudo na rede. Aliás, aquela ocupação do pessoal que fazia ou faz esses trabalhos, deve ter mudado muito; pode estar entre a extinção e a facilitação. Aliás, eu mesmo usei  a ferramenta  CopySpider, de onde tirei o título desse arquivo.

Marc comenta bastante também sobre a questão da privacidade. Para os “imigrantes”, se entende que a preservação da vida privada é inegociável e muito importante. Existe o receio de exposição e recomendam cuidado aos mais jovens. Para os “nativos”, não existe o medo de ser visto.  Os jovens que entendem bem de tecnologia são praticamente iguais no mundo todo, criando a chamada primeira geração horizontal segundo ele.

Nas empresas, isso começa a se manifestar de forma cada vez mais pungente. Trabalhar em grupo com facilidade e por uma causa/propósito passa a ser o novo tom.  Em alguns poucos anos a questão do diploma vai perder ainda mais força. Serão as experiências que contarão mais, questionando um modelo e os números do passado, como não válidos mais. Não assusta saber o enorme percentual de pessoas que vai trabalhar com profissões que ainda  não existem?  Vai ser mais difícil argumentar com um jovem em direção ao ensino dito tradicional.

Saiba mais no meu artigo correlato:  https://blogdaliga.com.bro-futuro-do-trabalho-na-construcao/

O termo “nativo digital”, no entanto, curiosamente não é unânime.

Um artigo publicado em 2017 na revista Teaching and Teacher Education intitulado “Os mitos do nativo digital e do ‘multitasker’” reúne as descobertas de uma série de trabalhos científicos sobre o tema e conclui que o conceito de “nativo digital” não tem embasamento, apesar de ser “propagado por gurus da educação, seguidos de perto e reportados pela mídia”.

Num editorial da Revista Nature de  julho de 2017, a ponto é que o “nativo digital é um mito”.

O trabalho também combate outra ideia ligada à dos nativos digitais: a de que esses jovens teriam mais habilidade em realizar muitas tarefas ao mesmo tempo, ou, utilizando o termo em inglês, executar “multitasking”. Segundo o artigo, o ser humano é capaz de realizar mais do que uma atividade ao mesmo tempo apenas em casos nos quais uma das atividades é automatizada – como andar e conversar. E, mesmo nesses casos, há indícios de que a performance da tarefa automatizada é prejudicada.

A ideia de que o ser humano é capaz de realizar mais de uma tarefa não automatizada ao mesmo tempo, como conversar no Facebook e ler um artigo científico é falsa, diz o trabalho. O que acontece é uma rápida alternância entre uma atividade e outra.

A pesquisa ressalta que há fortes evidências de que realizar esse tipo de alternância prejudica o desempenho em tarefas que exigem concentração, como estudar. Isso acontece mesmo com indivíduos mais adaptados a alternar sua atenção entre diversos estímulos digitais – o que se encaixa na definição de “nativo digital”.

As empresas na atualidade já sentem os efeitos da chegada dessa geração – sendo o rótulo dela válido ou não.  Resta saber quais as respostas às demandas desses profissionais aparecerão. Nela, reside o futuro das organizações.

Link para as matérias: 

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/08/21/Por-que-a-gera%C3%A7%C3%A3o-de-%E2%80%98nativos-digitais%E2%80%99-n%C3%A3o-%C3%A9-t%C3%A3o-diferente-das-anteriores

https://veja.abril.com.br/revista-veja/uma-nova-cultura/

http://www.proxxima.com.br/home/proxxima/noticias/2013/10/08/brasil-possui-a-4-maior-populacao-de-nativos-digitais-do-mundo.html

www.olhardigital.com.br

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