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O futuro dos espaços de trabalho

Cada vez menos, escritórios se parecem com uma série de caixas isoladas sem comunicação. A tendência futura é a integração física entre departamentos e áreas distintas das empresas

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Em nossa prática profissional nos últimos 10 anos, temos discutido com nossos clientes ideias e tendências relacionadas ao futuro dos espaços de trabalho e escritórios e como isso deverá influenciar os projetos de empreendimentos corporativos nas próximas décadas.

Entendo que podemos moldar hoje o futuro do espaço de trabalho com base em quatro pilares principais: Mobilidade, Flexibilidade, Colaboração e Sustentabilidade.

Arquitetos e incorporador de edifícios e espaços corporativos, sejam eles especulativos ou Built to suit têm a oportunidade de influenciar decisões chave de projeto que prepararão as bases para que os ocupantes futuros possam criar condições adequadas à seus espaços de trabalho. Algumas das questões que entendemos serão fundamentais na criação dos espaços de trabalho nas próximas décadas são resumidos nos quatro pilares:

Mobilidade

One Shelley St – Sydney | Clive Wilsinson Architects | http://www.clivewilkinson.com/

A busca por qualidade de vida e menos tempo gasto em deslocamentos demanda formas de trabalho descentralizadas, redução de custos fixos de escritório e prática de home office, cuja tendência é se tornar mais comum. A tecnologia das comunicações irá tornar deslocamentos até o escritório cada vez menos necessários. O espaço físico de trabalho do futuro deve estimular o funcionário a frequentar esses espaços fornecendo múltiplos usos locais, como academias, comércio, creches, espaços de co-working e equipamentos culturais. A mistura entre público e privado em espaços comuns fará parte dessa transformação, convidando a população maior a utilizar e manter vivos esses equipamentos também fora do horário comercial. O edifício corporativo se torna multiuso, com térreo e embasamento integrado com a malha urbana pública em contraposição ao lobby privativo vasto e sem função social e comercial.

Flexibilidade

Workpod Zurich | Meury Arkitectur| http://www.meuryarchitektur.ch

A força de trabalho se torna cada vez mais multicultural, diversa em faixas etárias e em necessidades cada vez menos padronizadas. Uma população heterogênea deve ter condições de ocupar espaços de escritórios flexíveis, adaptáveis às necessidades individuais. A retenção de funcionários no futuro dependerá também do bem estar físico dos indivíduos. Os espaços não são mais vistos como um bem imóvel da corporação, mas como uma ferramenta de estímulo à criatividade e produtividade. Instalações com de task lighting (iluminação individual de tarefa), task cooling (insuflamento de ar pelo piso, conectado às estações de trabalho), task based seatting (flexibilidade de assentos), além de elementos sombreadores internos e externos, auxiliam no controle individual de conforto térmico, lumínico e de ofuscamento, além de proporcionarem redução de energia em operação. O incorporador de produtos especulativos tem a oportunidade de oferecer infra- estrutura para que sistemas com operação individualizada possa ser explorados pelos ocupantes.

Colaboração

PONS + HUOT Office | Arq. Christian Pottgiesser | www.pottgiesser.fr

Cada vez menos, escritórios se parecem com uma série de caixas isoladas sem comunicação. A tendência futura é a integração física entre departamentos e áreas distintas das empresas. Permitir comunicação e encontro entre funcionários de áreas diversas, afeta diretamente o resultado dos processos produtivos, estimula a cooperação e a criatividade. O incorporador pode fornecer as bases para esse processo ao pensar projetos capazes de estimularem a comunicação entre os usuários, que possuam espaços de convivência e conexão entre o interno e externo, que facilitem o encontro informal entre funcionários.

Sustentabilidade e Bem-Estar

Oficina en el Bosque | SelgasCano Arquitetos| www.selgascano.net

Assim como ocorreu em muitos países do mundo, os sistemas de certificação tornam-se commodities de projeto, e muito mais exigentes ao passar dos anos. Um projeto que há alguns anos atrás foi classificado como LEED Platinum, possivelmente seria hoje certificado como Silver. A comoditização dos sistemas de certificação farão com que a real operação eficiente de um edifício seja cada vez mais valorizada e que as exigências quanto à eficiência energética sejam cada vez maiores. O incorporador que tiver maior controle sobre decisões que envolvem fachadas, equipamentos de ar- condicionado e sistemas luminotécnico de forma a compor um sistema integrado terá mais sucesso nesse processo. O escopo de entrega típico de um incorporador de edifícios especulativos deverá ser revisto, uma vez que assumir responsabilidade pelo planejamento e entrega de sistemas que afetam o consumo energético é a melhor forma de se obter sucesso na busca por eficiência energética e conforto térmico. Os edifícios de escritório tendem à observar maior valorização de elementos de eficiência de fachadas, além da exploração de sistemas de ar- condicionado de menor consumo, como as centrais de água gelada com distribuição de ar VAV, insuflamento pelo piso ou vigas geladas (chilled beams).

A Ca2 Consultores Ambientais Associados auxilia arquitetos, incorporadores e proprietários a imaginar e concretizar o que poderia ser o espaço de trabalho do futuro com base nos 4 pilares acima descrito. Auxiliamos na elaboração de pesquisas de tendências, exploração de novos mercados, mapeamos riscos e oportunidades para antecipar ações de negócios.

Ca2 Consultores Ambientais Associados | www.ca-2.com 

‘As sustainable as possible’

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Marcelo Nudel é arquiteto e urbanista e especialista em Arquitetura e Construção Sustentável com pós graduação pela Universidade de Sydney, Austrália. Atuou pela multinacional de engenharia Arup por 8 anos, coordenando projetos de significativa visibilidade em países como Austrália, EUA, Espanha e Brasil. Assessorou escritórios de arquitetura como como os de Norman Foster, Richard Rogers, Renzo Piano, Jean Nouvel, entre outros de relevância global na concepção de edifícios de alto desempenho ambiental. No Brasil, de 2012 a 2015 destaca-se sua atuação como coordenador de sustentabilidade nos projetos dos principais equipamentos das Olimpíadas Rio 2016 entre eles a Vila dos Atletas, o Centro Olímpico de Treinamento, o Centro de Mídia e o Velódromo. Fundou em 2016 a Ca2 Consultores Ambientais Associados, empresa de consultoria e gestão de projetos sustentáveis, conforto ambiental e eficiência energética de edificações, com atuação em projetos de relevância nacional (Novo Aeroporto de Florianópolis, Universidade Albert Einstein, Retrofit do Hospital Albert Einstein, entre outros) e internacional. É autor de diversos artigos técnicos de visibilidade e concedeu entrevistas à importantes mídias nacionais. Lecionou nas Universidades de Sydney e New South Wales (Austrália) e atualmente é professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie e na Faculdade de Arquitetura Escola da Cidade.

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