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Pavimentar ou asfaltar? Um desafio da comunicação.

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road_in_norwayO verbo asfaltar é empregado, de forma errônea, como sinônimo de pavimentar, não apenas por leigos, mas também por gestores públicos bem-preparados, profissionais experientes da construção e publicações especializadas.

Não é raro um jornalista escrever que se refere ao “asfaltamento” de tal rodovia, quando, na realidade, ela foi pavimentada com concreto de cimento portland. A maioria da população, por sua vez, não identifica ou percebe a diferença entre os materiais empregados nos pavimentos de estradas e vias urbanas, razão pela qual se acostumou a usar o verbo asfaltar. Daí, o desafio da indústria de cimento e concreto de corrigir a distorção, esclarecendo os diversos públicos sobre a diferença semântica.

Mas a questão vai além da confusão semântica. A indústria está empenhada em demonstrar o valor que o pavimento de concreto agrega para os usuários, traduzido pela sua durabilidade, que pode ultrapassar 30 anos, e para os contribuintes e o poder público, pela redução dos custos de manutenção.

Quando um jornal fala em TV por assinatura ou TV paga, está-se referindo a um universo de empresas que oferecem um leque de opções tecnológicas para a transmissão de conteúdo audiovisual e de entretenimento para o consumidor.

Quando, porém, se fala em TV a cabo, está se privilegiando uma determinada tecnologia, e, portanto, determinadas empresas, ao mesmo tempo em que se discrimina outras.

Em casos mais críticos, as agências reguladoras são obrigadas a intervir para estabelecer critérios e propriedades que justificam o uso de um determinado conceito. Para dar um exemplo, basta lembrar das palavras diet e light, que ao gerarem interpretação errônea, confusão e insegurança, podiam trazer prejuízos graves à saúde do consumidor.

Desde o final dos anos 90, as ações de promoção e comunicação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) – entidade técnica do segmento – ajudaram a reintroduzir no País a aplicação do concreto em estradas, pistas de aeroportos e outras vias. Para isso, o foco foi o público técnico que hoje já sabe quando e onde conjugar o “pavimentar com concreto”.

Não há nenhum interesse aqui em enaltecer uma tecnologia em detrimento de outras, mas apenas esclarecer e destacar o correto uso do verbo. Como dizia um grande amigo especialista em pavimentação, “feliz o país e os governantes que dispõem de mais de uma tecnologia e produto para uma mesma finalidade”. E este é o caso do nosso Brasil.

A sociedade precisa perceber que asfaltar não é sinônimo de pavimentar! O famoso “boca-a-boca” ajuda a posicionar a pavimentação em concreto – como é o caso de  usuários que percebem as diferenças do material quando circulam numa via pavimentada com concreto.

Não faz muito tempo, um amigo relatou que ao trafegar por uma estrada do País, recém-pavimentada com concreto, viu uma placa que anunciava a obra de “asfaltamento” da rodovia. Ele só atentou para a distorção porque cansara de me ouvir promovendo o concreto como alternativa para as estradas e vias que têm tráfego intenso, pesado e canalizado. Como engenheiro que virou comunicólogo, acredito que ajudei o amigo a usar corretamente os verbos.

Mero detalhe? Em hipótese alguma!

A disseminação de informação e conceitos cria cultura e sedimenta uma percepção nos públicos. E não há nada mais real que a percepção. Ao utilizar a palavra asfaltar, o político ou o profissional de comunicação está privilegiando uma determinada tecnologia em detrimento de outras.

E, como diz o ditado popular, o uso do cachimbo faz a boca torta.

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Hugo Rodrigues, Diretor de Comunicação da ABCP, Associação Brasileira de Cimento Portland, onde atua há cerca de 40 anos. Engenheiro civil (1977), com mestrado em Materiais de Construção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1993) e MBA em Comunicação e Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (2003). Ex-Diretor de Publicações e de Marketing do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), sendo atualmente Assessor da Presidência do Instituto. Membro do Departamento da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (DECONCIC da FIESP). Membro dos Conselhos Editoriais das revistas PRISMA, Soluções Construtivas com Pré-Moldados de Concreto (Mandarim Editora) e CONCRETO & Construções do IBRACON.

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