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A poluição luminosa e os impactos no meio ambiente

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poluição luminosa

A poluição luminosa parece ter piorado (e não melhorado) nos últimos anos, e parte disso tem a ver com a transição do sódio para a iluminação exterior LED, avisam os cientistas.

Uma equipe de pesquisadores que estudou imagens da Nasa diz que, nos últimos quatro anos, a área iluminada da Terra cresceu 2%. O crescimento foi mais pronunciado nos países em desenvolvimento.

Embora o aumento da prosperidade tenha representado parte desse crescimento, os cientistas acreditam que os LEDs são parcialmente culpados. Minha observação sobre este assunto é que a capacitação profissional é um grande agravante aos impactos gerados pela má aplicação da iluminação pública, com o uso de luminárias de baixa qualidade, sem controle de ofuscamento e temperatura de cor correta. Já falei deste assunto em um artigo sobre iluminação de paisagens.

A American Medical Association (AMA), entidade que visa divulgar ações mundiais referentes à saúde pública, recomenda o uso de luz quente na iluminação das cidades, de 2700 a 3000 Kelvin, e que esta luz não ultrapasse 4000K. Isto porque há pesquisas que relacionam  causas do câncer à interrupção e falhas na produção de melatonina no organismo (vide o premio Nobel de medicina 2017, sobre o ciclo circadiano).

O pesquisador chefe do Centro de Pesquisa Alemã para Geociências em Potsdam, Christopher Kyba, disse à BBC de Londres que a introdução da luz artificial era “uma das mudanças físicas mais dramáticas que os seres humanos fizeram no nosso meio ambiente no ultimo século”.

“Eu esperava que nos países ricos – como os EUA, o Reino Unido e a Alemanha – veríamos diminuições na poluição luminosa nas cidades, mas em vez disso, o que vemos são os países ficando cada vez mais brilhantes”. disse ele à BBC News.

A equipe antecipou uma diminuição do brilho nas áreas desenvolvidas e industriais, pois o alaranjado de sódio foi substituído por LEDs, mas na verdade o inverso aconteceu.

Para piorar as coisas, o sensor de luz do satélite – um radiômetro – não é capaz de medir a parte mais azul do espectro de luz que os LEDs emitem, o que significa que a poluição luminosa visível é ainda pior do que a medida.

“Porque há mais luz azul em LEDs do que em (lâmpadas de) sódio, (a poluição) é mais propensa a ser espalhada devido ao efeito Rayleigh”, explicou o Lighting Designer Alan Tulla ao editorial da LUX Magazine. “Um fator adicional seria a queda dos preços das luminárias LED globalmente”.

As descobertas certamente aumentarão a pressão sobre a indústria de iluminação para levar a poluição luminosa a sério e melhorar a óptica e controle de luz refletida.

As luminárias de sódio emitem um espectro de 589,0 a 589,6 nanômetros, quase monocromático. Pesquisas indicam que o espectro ideal a aplicação em exteriores seria de 585 a 595 nanômetros, para diminuição da reflexão e menor atração de espécies animais. Além de utilizar uma luminária Full-cut OFF (uma luminária em que não é possível visualizar a fonte de luz devido ao ofuscamento) para evitar a fototaxia positiva e o ofuscamento.

A fototaxia positiva é um fenômeno de atração da luz nos animais. Existe também a fototaxia negativa, onde a luz inibe a aproximação animal. 
 

O conceito de Poluição Luminosa é o tipo de poluição ocasionada pela luz excessiva ou obstrutiva criada por humanos. Interfere nos ecossistemas, causa efeitos negativos à saúde, ilumina a atmosfera das cidades, reduzindo a visibilidade das estrelas e interfere na observação astronômica.

Para saber mais sobre o assunto assista ao documentário da TV Escola “A Luz que vem da Escuridão”. Veja também os artigos publicados pelo Human Centric Lighting sobre o assunto “Healthcare”.

E conheça a IDA – International Dark Sky Association, uma associação destinada à pesquisas sobre a Poluição Luminosa e seus impactos nas populações humanas e animais.

Os pesquisadores citados publicaram suas descobertas na revista Science Advances.

Saiba mais sobre o assunto:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Bortle

https://tellescopio.com.br/poluicao-luminosa-astronomia-escala-bortle-para-ceu-escuro

http://cosmobrain.com.br/cosmoforum/viewtopic.php?f=3&t=3572

https://skyglowproject.com/

Grande abraço

 

Silvia Carneiro

É arquiteta e especialista em Iluminação e tecnologia LED, titular do escritório de Luminotécnica IRIS, um olhar para o Futuro; consultora Luminotécnica em Arquitetura & Sustentabilidade; atua em projetos Luminotécnicos e leciona nos cursos de Lighting Design.

Contato: 55.11.99222.6616
[email protected]
www.silviacarneiro.com.br

 

 

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Silvia Maria Carneiro de Campos, natural de São Paulo, onde reside, atua no mercado de iluminação LED desde 2008, arquiteta especialista em iluminação LED, com Pós Graduação em Iluminação e Design de Interiores e Master em Arquitetura & Iluminação. É titular do escritório IRIS um olhar para o futuro, e atua como Consultora de Negócios, inteligência estratégica e Relacionamento à industrias de iluminação, oferecendo atendimento técnico aos arquitetos e especificadores luminotécnicos em Projetos com tecnologia LED e Projetos Luminotécnicos de diversos seguimentos. Também dá aulas de iluminação em cursos de Pós Graduação. Certificada em Acessibilidade pela SMPD-SP foi colaboradora no CB-40 comitê de acessibilidade na revisão da ABNT 9050/15 e do comitê CB-03 COBEI da ABNT, onde participou da revisão das normas ABNT 5101 (Iluminação Pública) e 5413 (Iluminação de ambientes de trabalho, atual ABNT ISO/CIE 8995-1). Atualmente é colaboradora do grupo de projetos luminotécnicos da Comissão de Estudo Especial Modelagem da Informação da Construção (BIM) – Grupo de Trabalho sobre Componentes BIM ABNT/CEE-134

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