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Quer fazer uma cobertura verde e não quer infiltrações ?! Veja o passo a passo

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cobertura verde

“Sol, Espaço e Verde para Todos”, é um dos epítetos do Arq. Le Corbusier, quando identificou, em seus estudos, uma cobertura verde como a quinta fachada de uma edificação. Entretanto, para que ela possa ter isto, resistência à progressão de raízes e durabilidade são os principais requisitos técnicos a se observar, já que uma correta impermeabilização é pré-requisito para qualquer cobertura verde.

 

Assim, à ideia inicial de Le Corbusier podemos acrescentar os conceitos de “Green Building”, com as seguintes vantagens de uma cobertura verde:

  • Redução do custo de energia gasto com ar condicionado;
  • da quantidade de particulado sólido na atmosfera;
  • da velocidade no escoamento das águas pluviais;
  • da transmissão de ruídos;
  • de uma melhor qualidade de vida nos centros urbanos, com a redução de emissão de CO2;
  • e do aumento da vida útil da impermeabilização.

Mesmo com todas estas vantagens, todo mundo pensa duas vezes antes de executar uma cobertura verde, e o principal receio é o risco de infiltrações. Afinal, este é um local que quando não chove, colocamos água todos os dias!

Temos normas técnicas em vários países no Mundo com preocupação nas coberturas verdes e entre elas, podemos citar a norma italiana, UNI 11235:2015 –  Istruzioni per la progettazione, l’esecuzione, il controllo e la manutenzione di coperture a verde.

Esta norma define os critérios de projeto, execução, controle e manutenção das coberturas verdes, em função das particularidades do contexto climático, da edificação e da destinação de seu uso.

E com exigências mais severas, podemos citar a norma alemã, da FLL, Sociedade alemã para pesquisa e desenvolvimento da paisagem e paisagismo (Forschungsgesellschaft Landschaftsentwicklung Landschaftsbau e.V.).

Quanto ao desempenho de uma impermeabilização para suportar a agressão das raízes, podemos citar a norma italiana UNI EN 13948 – Determinazione della resistenza alla penetrazione delle radici, que trata dos requisitos a produtos impermeabilizantes com características antiraiz.

Cabe ressaltar, que apesar de termos tipos de impermeabilização com as características técnicas a se evitar a agressão por raízes, podemos afirmar que não temos normas técnicas, que contemplem a exigência ou parâmetro de desempenho à esta necessidade, no Brasil.

Podemos ter uma cobertura verde sim e vamos elencar os principais passos necessários e informações pertinentes para que possamos aproveitar todos os benefícios de um contato com a natureza, ao alcance de nossas mãos.

PASSO A PASSO PARA EXECUTAR UMA COBERTURA VERDE

Temos que começar sabendo se a laje e demais componentes da estrutura, suportam a sobrecarga com a introdução de uma cobertura verde e isto significa a consulta ao Engenheiro Estruturalista ou de se já ter esta previsão no cálculo estrutural da edificação.

A IGRA, International Green Roof Association, cita três tipologias principais, que são variáveis em função do porte da vegetação e da espessura do substrato, para o cultivo:

  • Extensivo: utiliza plantas rasteiras de pequeno porte. A carga prevista varia entre 60 kg/m² e 150 kg/m²
  • Semi-intensivo: tem vegetação de porte médio. A carga prevista varia entre de 120 kg/m² a 200 kg/m²
  • Intensivo: utiliza plantas de porte médio a grande. A carga prevista varia entre 180 kg/m² e 500 kg/m²

Com isto posto, podemos pensar na impermeabilização a ser realizada de acordo com as exigências e recomendações nas normas técnicas, ABNT NBR 9574:2008 (Execução de impermeabilização) e da ABNT NBR 9575:2010 (Impermeabilização – Seleção e projeto).

Essa última exige a aplicação de sistemas e produtos impermeabilizantes com proteção contra raízes, no caso de jardins, jardineiras, coberturas verdes.

Especial atenção no projeto de impermeabilização para compatibilizar as interfaces e respectivos detalhes executivos com os sistemas hidráulicos, elétricos e sanitários.

Começamos a execução da impermeabilização pela correta preparação do substrato, com uma argamassa de regularização com cimento e areia, traço 1:3, garantindo caimento mínimo de 1% para os ralos.

Lembro que os vazamentos ocorrem nos detalhes, portanto todos os arremates/fixações na estrutura, de bocas de ralo, tubulações (hidráulica e elétrica) emergentes, junção nos cantos de piso com parede, juntas de dilatação, detalhes arquitetônicos, entre outros, devem estar perfeitamente executados, antes da impermeabilização.

Ilustro que além do desempenho desejado à estanqueidade, a impermeabilização deve suportar às agressões das raízes, e as soluções comumente indicadas para impermeabilizar coberturas verdes são:

a) Manta asfáltica antiraiz, na qual um biocida é disperso em toda a massa asfáltica, com especial cuidados nas soldas das emendas e arremates.

b) Solução asfáltica antiraiz, aplicada na forma de pintura sobre a proteção mecânica de um outro tipo de impermeabilização (moldada “in loco” ou pré-fabricada), que não seja antiraiz. Esta pintura asfáltica, tem seu desempenho atrelado a ausência de trincas na proteção mecânica e a sua eficácia será diminuída ao longo do tempo, devido ao desgaste, desta película, pelo contato com a água de irrigação ou pluvial.

Após a execução da impermeabilização e sua respectiva proteção mecânica, sobre a superfície impermeabilizada, temos que prever as seguintes camadas:

  • Camada drenante, com brita graduada, para escoar as águas de chuva contínuas e evitar o encharcamento excessivo da terra;
  • Camada filtrante, com um geotêxtil, para impedir o tamponamento da camada drenante por acúmulo das partículas de solo;
  • Camada de terra, para compatibilização com a vegetação a ser plantada na cobertura verde; 
  • Camada de vegetação.

Fica ainda um último lembrete de que uma cobertura verde é um sistema aberto, sendo impossível evitar a entrada de sementes invasoras que chegam ao local pela ação dos ventos, aves e morcegos, portanto a qualidade/beleza de sua vegetação implica em um cuidado “ad eternum”.

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Professor na pós-graduação lato-sensu, nos cursos de patologia nas obras civis e de patologia na Impermeabilização, desde 2006, em diversas cidades do Brasil. Autor do livro "Látex Estireno Butadieno - Aplicação em Concretos de Cimento e Polímeros" Atuante desde 1978, com o conhecimento construído em atividades técnicas na criação, desenvolvimento e normalização de produtos ao mercado e de gestão em consultoria na área de tecnologia de impermeabilização de edificações residenciais, comerciais, industriais e de saneamento, proteção às estruturas de concreto e atenuação ao ruído de impacto entre lajes, elaborando projetos, procedimentos executivos, treinamentos “in company”, fiscalização de obras, objetivando dirimir dúvidas e possibilitando a implantação dos conteúdos dos projetos e normalizações, sempre com o alto padrão de excelência. Palestrante com mais de 60 trabalhos apresentados em congressos nacionais e internacionais com inúmeros artigos técnicos e matérias publicadas sobre proteção às estruturas, impermeabilização e isolação acústica, bem como atuante em comissões de estudo da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, CB 2 - Construção Civil; CB 22 – Impermeabilização e CB 90 – Qualificação de pessoas. Diretor Técnico da A2S Engenharia e perícia.

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