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SP aposta em ruas temáticas: do Brás à Ipiranga com São João

Prefeitura mapeia 11 pontos para projetos de intervenção urbana conduzidos pelo poder público e a iniciativa privada; retomar comércio e turismo é um dos objetivos

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Croqui da Prefeitura de como ficará praça nas proximidades da esquina das Avenidas Ipiranga e São João após projeto urbano.

O Estado de S. Paulo. Da esquina eternizada na canção de Caetano Veloso a ruas repletas de lojas de artigos para motos ou vestidos de noiva, alguns locais de São Paulo construíram uma identidade própria, cultural, histórica ou comercial ao longo de décadas. Potencializar estes espaços e atrair mais frequentadores são objetivos de um novo programa da Prefeitura para ruas temáticas, que está com projetos e parcerias privadas para ao menos 11 pontos da cidade – a maioria no centro.

Os selecionados pela gestão Ricardo Nunes (MDB) ou com projetos do setor privado são: Avenida Ipiranga com foco na “esquina histórica” com a Avenida São João), na República; Ruas Tiers e São Caetano (“a Rua das Noivas”), no Brás; Ruas General Osório (“das Motos”) e Santa Ifigênia (“dos Eletrônicos”); Rua Florêncio de Abreu (“das Ferramentas”), na Sé; Rua Doze de Outubro, na Lapa; Alameda das Flores, na Bela Vista; Largo 13 de Maio, em Santo Amaro; e Largo Nossa Senhora do Ó, na Freguesia do Ó. A obra na Ipiranga com São João, por exemplo, deve ficar pronta no segundo semestre de 2022.

“O objetivo é transformar em locais mais dinâmicos, seguros e democráticos, onde todos consigam conviver e aproveitar”, afirma o secretário de Urbanismo e Licenciamento, César Azevedo. Segundo ele, o impacto social e econômico da pandemia também motivou a iniciativa, voltada a potencializar a “retomada econômica e de uso” da cidade e atrair frequentadores e novos moradores para o centro.

As mudanças variam com o perfil de cada área. Entre os pontos de mais atenção, estão a mobilidade a pé (reforma de calçadas e novas faixas de pedestre), mobiliário urbano (bancos, floreiras e afins), sinalização temática (como placas de rua) e iluminação cênica (para imóveis emblemáticos).

‘Acupuntura urbana’

Azevedo fala em “acupunturas urbanas”, conceito difundido no Brasil pelo urbanista Jaime Lerner, de que ações pontuais e de menor porte podem dar resultados. Um dos principais exemplos na cidade são os Centros Abertos, criados na gestão Fernando Haddad (PT) e ampliados nas seguintes, com deques de madeira, mobiliário móvel e atividades de lazer, esporte e cultura ao ar livre.

Na prática, nem todos os Centros Abertos deram o mesmo resultado. Os mais bem avaliados em pesquisas de anos anteriores da Prefeitura são os de áreas de maior movimentação do centro (como o do Largo São Bento e da Liberdade), enquanto o perto da Cracolândia não tem esse retorno. O isolamento social e a crise econômica na pandemia também aumentaram o uso de deques como dormitório pela população em situação de rua.

A comparação expõe o que especialistas falam há anos sobre o centro: medidas específicas têm resultados limitados diante das demandas sociais da região. O que a Prefeitura argumenta é que todos os programas para a área estão interligados e que intervenções urbanas serão feitas em paralelo a iniciativas, como na habitação, na zeladoria e na mobilidade, e que o projeto envolve ouvir atores da vizinhança.

Recentemente, contudo, o projeto para a Rua Tiers enfrentou críticas de comerciantes ambulantes que temem ser expulsos da área, também conhecida pela Feira da Madrugada. Para a área, é previsto um bulevar coberto, inspirado em Amsterdã, com calçadão para pedestres e fiação urbana aterrada. Segundo Azevedo, só os que trabalham sem cadastro no Município terão dificuldades para trabalhar no local.

O projeto da Tiers, de R$ 15 milhões, será pago pela Federação dos Varejistas e Atacadistas do Brás (Fevabras), que representa 10 mil comerciantes. Parcerias com a iniciativa privada são um dos focos da Prefeitura. “Queremos ter uma parada de Natal no Brás, requalificar o espaço”, diz Gustavo Dedivitis, presidente da Fevabras. “Também trazer consumidores de bairros nobres.”

Estátuas e placas ‘retrô’

O primeiro projeto da Prefeitura no programa é a “Esquina Histórica”: intervenções no entorno da Ipiranga, sobretudo no icônico cruzamento com a São João. A licitação da obra terá abertura de envelopes de propostas dia 22, com contrato estimado em R$ 5 milhões e execução em seis meses.

O principal eixo é o trecho da Ipiranga entre a Praça da República/Rua 24 de Maio e a Avenida Rio Branco, que terá reforma e alargamento de calçadas, faixa de pedestre com cruzamento diagonal, postes de iluminação, semáforos e placas de identificação de rua “retrô” (com suporte de ferro e iluminação de LED).

Cada esquina do cruzamento terá uma escultura em tamanho natural e com ambientação sonora. Os homenageados são os músicos Adoniran Barbosa (com seu cão) e Paulo Vanzolini, além das profissões de fotógrafo de lambe-lambe e tocador de realejo. São previstas medidas de “traffic calming” (redução da velocidade de tráfego de veículos) , rebaixamento da guia da calçada e iluminação de fachadas de prédios históricos.

O outro trecho é a praça no encontro das ruas Conselheiro Nébias e dos Timbiras com a São João, com melhora de calçadas e da iluminação.

“Nosso entendimento é de que as pessoas têm cada vez mais vontade de frequentar o centro, mas não se sentem estimuladas e ficam inseguras”, diz Caire Aoas, sócio do Fábrica de Bares, que gere o Bar Brahma, na esquina. “Muitas vezes as pessoas vão (no cruzamento) com imagem até mais grandiosa do que o espaço apresenta de opção de consumo cultura, história. Há certa frustração.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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