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IBGE: indústria da construção registrou 22 mil novas empresas e 300 mil vagas no 2º ano da pandemia

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Daniela Amorim, O Estado de S. Paulo – Em meio à necessidade de distanciamento social e trabalho remoto, a busca de famílias brasileiras de maior poder aquisitivo por habitações mais espaçosas e funcionais ajudou o setor de construção a manter sua trajetória de recuperação ao longo da pandemia de covid-19, após anos de perdas.

Em 2021, segundo ano da crise sanitária, a indústria da construção tinha 147.389 empresas ativas, 15.434 companhias a mais que em 2020. O resultado representa um recorde na série histórica iniciada em 2007 da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dois anos de pandemia, o País registrou uma abertura líquida de 22.323 empresas do setor de construção.

Houve avanço também no número de pessoas trabalhando: em 2021, havia 2,204 milhões de ocupados na indústria da construção, 11,4% a mais que o contingente de trabalhadores existente em 2020, o equivalente a uma abertura de 225 mil vagas. Houve aumento na força de trabalho atuando na construção de edifícios (alta de 16,4% ante 2020) e nos serviços especializados para construção (alta de 17,9%), mas queda no efetivo atuando nas obras de infraestrutura (menos 0,6%).

Em relação a 2019, no pré-pandemia, o total de pessoas trabalhando na indústria da construção subiu 15,6%, quase 300 mil vagas a mais, com avanços nos três segmentos: construção de edifícios (21,5%), obras de infraestrutura (12,5%), e serviços especializados para construção (12,4%).

O IBGE lembra que o contexto econômico em 2021 era de recuperação do choque inicial provocado pela covid-19. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 5,0% em 2021, ante uma queda de 3,3% em 2020. A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), encerrou 2021 com alta de 10,06%. A taxa básica de juros, a Selic, começou o ano em 2,0% ao ano, mas encerrou 2021 no patamar de 9,25% ao ano.

“Ainda assim, a taxa de juros baixa ajudou na retomada das atividades do setor imobiliário, assim como a busca por imóveis maiores e mais espaçosos, em função da necessidade de home office e distanciamento social. Aliado a isso, o governo brasileiro adotou medidas para incentivar a construção civil, como a liberação de recursos para o setor e a reforma do programa habitacional Casa Verde e Amarela, iniciado em 2020″, justificou o IBGE.

Durante a pandemia, houve decretos municipais, estaduais e federais incluindo a construção entre as atividades essenciais, ou seja, o setor teve a permissão de permanecer funcionando mesmo nos piores momentos da crise sanitária. A demanda por insumos também se manteve aquecida.

Apesar da melhora na ocupação, o setor ainda empregava 764 mil trabalhadores a menos que no auge visto em 2013. Em 2021, a indústria da construção pagou R$ 67,2 bilhões em salários e outras remunerações, um aumento real de 5,7% em relação a 2020. O salário médio do trabalhador do setor foi de apenas 2,1 salários mínimos, patamar mais baixo da série histórica.

A indústria da construção movimentou R$ 377,8 bilhões em 2021, sendo R$ 355,8 bilhões em obras e/ou serviços e R$ 22,0 bilhões em incorporações.

O setor público teve a menor participação da série histórica da pesquisa no valor das obras e serviços da construção, apenas 25,6% em 2021, ante uma demanda de 74,4% do setor privado.

No segmento de obras de infraestrutura, apenas 43,2% do valor movimentado foi demanda pública, os 56,8% restantes foram contratação do setor privado. Na construção de edifícios, a demanda governamental foi a menor já vista na pesquisa, apenas 15,0%, ante uma fatia de 85,0% do setor privado. Nos serviços especializados para construção, 18,6% foram contratação pública e 81,4%, privada.

A contribuição do setor público no montante movimentado pela indústria da Construção como um todo encolheu 9,6 pontos porcentuais em uma década (a participação saiu de 35,2% em 2012 para 25,6% em 2021). Nas Obras de infraestrutura, a queda foi de 10,2 pontos porcentuais (de 53,4% para 43,2% no período).

Em meio ao enxugamento da demanda de governos, as obras de infraestrutura perderam significativamente espaço na indústria de construção. No ano de 2021, 32,4% do valor de incorporações, obras e serviços da construção vinham do segmento de infraestrutura, ante uma participação de 40,8% em 2012. A construção de edifícios, que tem predomínio histórico de demanda privada, cresceu de uma fatia de 42,6% do valor movimentado em 2012 para 44,6% em 2021, enquanto a participação do segmento de serviços especializados para a construção subiu de 16,6% para 23,0% no período.

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