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Crise imobiliária na China se agrava com leilão fracassado

Incorporadora inadimplente Shimao Group não conseguiu encontrar um comprador para um projeto de US$ 1,8 bilhão em um leilão forçado, mesmo com um grande desconto

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Crise imobiliária na China começou com colapso da Evergrande.

Valor Econômico – Surgem novos sinais de que a China enfrenta ainda mais desafios em sua crise de dívida imobiliária.

Nesta quarta-feira, a incorporadora inadimplente Shimao Group não conseguiu encontrar um comprador para um projeto de US$ 1,8 bilhão em um leilão forçado, mesmo com um grande desconto. Os títulos da Sino-Ocean caíram depois de a construtora apoiada pelo estado dizer a alguns credores que trabalha em sua dívida com dois grandes acionistas.

São as mais recentes indicações de que a crise imobiliária da China, que já dura dois anos, deve seguir como um dos maiores obstáculos para a segunda maior economia do mundo. Uma breve recuperação depois que o país abandonou as restrições da Covid desapareceu rapidamente: as vendas de imóveis voltaram a cair e o investimento imobiliário encolheu, o que afetou mercados que vão desde minério de ferro a títulos de alto rendimento.

A China Vanke, segunda maior incorporadora do país em vendas, disse na semana passada que o mercado doméstico está em situação “pior do que o esperado”, fazendo coro a investidores e analistas que se mostram pessimistas em relação ao setor. O Goldman Sachs elevou recentemente sua projeção para a taxa de default de títulos imobiliários chineses de alto rendimento.

Nenhum comprador fez uma oferta pelo portfólio de terras da Shimao em Shenzhen, embora o ativo tenha sido oferecido a um preço 20% menor do que sua avaliação, de acordo com os resultados publicados no site de leilões online JD.com.

O resultado deve aumentar os obstáculos para a reestruturação da dívida da Shimao, escreveram em nota Kristy Hung e Lisa Zhou, analistas do setor imobiliário da Bloomberg Intelligence. A unidade de imóveis comerciais onshore da incorporadora comprou o terreno — que abrange uma área equivalente a 34 campos de futebol — em 2017 por 24 bilhões de yuans (US$ 3,3 bilhões), um recorde em Shenzhen na época.

Seu plano original era construir um complexo com um arranha-céu de 500 metros, mas o projeto teve problemas no ano passado depois que a empresa deixou de fazer alguns pagamentos de produtos fiduciários de alto rendimento usados para financiar a construção. A Citic Trust Co., que administra o projeto fiduciário, assumiu o controle do ativo e processou a unidade da Shimao, de acordo com os documentos do leilão e o registro regulatório da empresa da construtora.

Enquanto isso, a China Life Insurance e a Dajia Life Insurance enviaram um grupo de trabalho à Sino-Ocean para um plano de mitigação de riscos, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. Isso aumentou a preocupação de que mesmo incorporadoras apoiadas pelo governo da China não estão imunes ao aperto de liquidez sem precedentes do setor.

Títulos da Sino-Ocean

Os títulos da Sino-Ocean caíram ainda mais na quarta-feira, com os preços equivalentes a apenas metade dos níveis do início da semana. Uma nota onshore de 2 bilhões de yuans com vencimento no próximo mês chegou a cair 34,6% e teve a negociação suspensa duas vezes. Um título em dólar da Sino-Ocean, com vencimento em 2024, atingiu uma mínima histórica, para cerca de 15 centavos. As ações registraram queda de até 4,4% em Hong Kong.

A onda vendedora de títulos da Sino-Ocean nesta semana começou depois que pessoas com conhecimento do assunto disseram que um grupo de trabalho liderado por acionistas estatais da incorporadora havia contratado a China International Capital para conduzir uma diligência prévia na empresa.

A nova onda da crise imobiliária da China reforçou expectativas de que o governo adote mais medidas de estímulo. Somando-se aos problemas da economia, dados divulgados nesta quarta-feira mostraram que o setor de serviços da China se desacelerou em junho.

No entanto, as medidas de apoio até agora foram modestas, o que mantém a pressão sobre incorporadoras que enfrentam dívidas crescentes.

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