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Imóveis de luxo ancoram alta do mercado em 2022

Principal responsável pelo resultado positivo da indústria da construção civil, segmento cresceu quase 15% no primeiro semestre deste ano

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Líder do mercado imobiliário do país, capital paulista está nos planos de construtoras e incorporadoras para receber novos lançamentos no próximo ano, com destaque para os bairros nobres.

Valor Econômico – O mercado imobiliário de luxo e alto luxo no Brasil continua em franca expansão. Contrariando os prognósticos negativos face à conjuntura de desaceleração econômica, o ano de 2022 favoreceu a incorporação imobiliária de alta renda, que, inclusive, foi a principal responsável pelo resultado positivo da indústria da construção civil como um todo. Consenso entre empresários e especialistas do setor, a análise é corroborada por pesquisas recentes, como o levantamento da consultoria Brain — Inteligência Estratégica e o indicador Abrainc-Fipe.

Os imóveis de luxo e alto luxo acumularam aumento de 14 ,8% nas vendas de janeiro a junho, segundo pesquisa da Brain, na comparação com o primeiro semestre do ano passado (5.693 e 4.960, respectivamente). O VGV do segmento foi 13,2% maior no período, chegando a R$ 16,753 bilhões (em 2021, foi de R$ 14,801 bilhões). Já as vendas de unidades de médio e alto padrão (MAP) tiveram alta 87, 4% de janeiro a agosto, segundo o indicador Abrainc-Fipe. Foram 30.441 imóveis comercializados.

“Os indicadores refletem gradual melhoria no ambiente econômico, com queda no desemprego, arrefecimento dos custos da construção e aumento da renda das famílias”, avalia o presidente da Abrainc, Luiz França, destacando o papel de protagonista do setor no processo de redução do desemprego e crescimento econômico. Ele chama a atenção ainda para o fato de os custos da construção, um grande entrave para o setor, terem arrefecido ao longo do ano: o INCC caiu de 14% em janeiro para 9% em novembro.

Para Pedro Paulo Marolla, diretor financeiro da SKR Arquitetura Viva, o ano “foi extremamente desafiador”, marcado por incertezas políticas e econômicas. Ainda assim, os projetos lançados pela incorporadora somaram VGV de R$ 600 milhões. “O resultado das vendas foi expressivo e superou nossos indicadores de desempenho”, afirma. O Casa Ibirapuera, fruto de parceria da Cyrela com a SKR, lançado em junho, é um exemplo: teve 100% das unidades das duas torres residenciais vendidas em apenas três meses.

O clima é de otimismo na incorporadora. Marolla adianta que no segundo semestre de 2023 serão lançados empreendimentos em bairros nobres da capital paulista, como Jardins e Pinheiros, com VGV de R$ 700 milhões. “Os principais fundamentos do mercado indicam um aquecimento do setor, pois a demanda por moradias continua elevada. E a expectativa é de redução da taxa básica de juros a partir de 2023, o que é um estímulo importante para novas aquisições”, avalia.

Na MPD Engenharia, a avaliação do desempenho do mercado em 2022 também é positiva. “Foi um ano de conquistas”, resume o presidente, Milton Meyer, destacando que a incorporadora do grupo lançou quatro empreendimentos no período e que um deles teve 100% das unidades vendidas em apenas uma semana.

A construtora entregou 757.084 metros quadrados de áreas construídas, além de manter 24 canteiros de obras ativos, contabiliza Meyer. “O ambiente é favorável ao fortalecimento do mercado no ano que vem. A construtora vai lançar novos empreendimentos em Alphaville e em áreas nobres da capital, iniciar novas obras e fazer entregas”, conclui.

Na expectativa de o governo eleito fazer uma sinalização positiva de disciplina fiscal, um ponto sensível para o mercado imobiliário, a empresária Carolina Burg Terpins, sócia fundadora e CEO da JFL Living, comemora os resultados de 2022. “Foi um ano de muitas entregas. Novos edifícios entraram em operação, e houve uma retomada forte do mercado de locação residencial com o final da pandemia e o retorno das pessoas aos centros financeiros”, observa.

Rio de Janeiro

Na capital fluminense, o ano não foi diferente. A expectativa entre empresários, executivos e especialistas é que a soma total do VGV em lançamentos ao longo de 2022 seja equivalente à de 2021. “As perspectivas pouco positivas no cenário econômico, previstas no início deste ano, levam a crer que igualar o resultado obtido no ano passado representa crescimento, na prática”, argumenta o presidente da Ademi R J, Marcos Saceanu.

CEO da Gafisa, Henrique Blecher concorda. “O foco dos negócios são os lançamentos de alta renda, uma estratégia que visa a um mercado mais resiliente e menos suscetível a riscos, como aumento de juros e inflação”, afirma. Em 2022, a Gafisa totalizou R$ 1 bilhão em lançamentos e assumiu o controle da Bait. Para o próximo ano, o plano é triplicar o volume dos recursos para novos lançamentos, com foco no mercado de luxo e alto luxo — são previstos R$ 3 bilhões. “Vamos buscar capital de outros investidores, como fundos ou mesmo pessoas físicas”, anuncia Blecher.

A Mozak está fechando o ano — “especial e desafiador” — com a marca de R$ 400 milhões em VGV. O destaque ficou por conta do Parque Sustentável da Gávea. “Lançamos no ano nos-so maior e mais desafiador projeto, que devolve ao bairro e à cidade um terreno que estava abandonado havia mais de 40 anos.” Para 2023, estão previstos VGV de mais R$ 300 milhões. “Continuamos firmes no propósito de levar a essência carioca para os projetos e melhorar o conceito de viver, impactando positivamente a vida das pessoas”, afirma o presidente da construtora, Isaac Elehep.

A exemplo de seus pares, o sócio-diretor da Inti Empreendimentos, André Kiffer, avalia que os resultados de 2022 foram positivos para a companhia, a despeito das crises política e econômica nos primeiros meses do ano. “A alta dos juros acaba impactando a decisão de compra, porque o cliente de alta renda pode optar por não imobilizar seu capital, mas não chegou a prejudicar nossas vendas.”

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