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Vendas e lançamentos residenciais caem no primeiro trimestre no país

CBIC atribui resultados à insegurança decorrente de juros altos e menos recursos da Poupança

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Rafael Marko, Sinduscon-SP – O número de unidades residenciais lançadas em 27 capitais, 48 cidades e 21 regiões metropolitanas do país caiu 30,2% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior. Na mesma comparação, as vendas caíram 9,2%.

Os dados foram divulgados pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

Lançamentos

O número de lançamentos residenciais registrados no quarto trimestre de 2022 foi de 87.315 novas unidades, enquanto o primeiro trimestre de 2023 registrou 48.554, apontando queda de 44,4%. O presidente da Comissão de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, destacou que não havia uma queda assim há 7 anos.

“Quando consolidamos os números, ficamos assustados com a redução dos lançamentos residenciais. Nós não lançávamos esse número tão baixo de unidades desde do 2˚ trimestre de 2016, então essa redução de 44,4% nos chamou muito a atenção”, destacou Petrucci.

Todas as regiões apresentaram queda nos lançamentos residenciais. A maior variação registrada no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior foi percebida na região Norte, com decréscimo de 86,9%. Seguida da região Sudeste (-44,9%) e Centro-Oeste (-42,4%). A região que apresentou menor queda foi o Nordeste (-39,7%), com 9.667 unidades lançadas.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, a queda permaneceu acentuada (-30,2%), apontou o estudo. Para Petrucci, essa queda mostra uma insegurança das incorporadoras em colocar novos produtos no mercado. “Nós não temos problema de demanda, o problema maior que a gente vê hoje no mercado é de confiança na economia e no custo alto de juros”, explicou o economista.

Caso esse movimento de queda continue nos próximos trimestres, isso irá gerar uma preocupação no mercado imobiliário, afirmou Petrucci. Para ele, poderá faltar unidade para ser vendida no país e, consequentemente, haver aumento de preço.

O presidente da CBIC, José Carlos Martins, atribuiu a queda à insegurança dos incorporadores, como consequência de fatores como: a alta taxa de juros; a escassez e o encarecimento de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para o financiamento; a ausência de revisão dos tetos e da adequação da curva de subsídios do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

“Precisamos ter atenção a partir dessa queda porque o movimento seguinte pode ser o menor número de vendas e, consequentemente, uma menor geração de empregos”, disse Martins.

Vendas

No comparativo de unidades vendidas entre o primeiro trimestre deste ano e o último de 2022, a queda foi de 5,2%, enquanto se comparado com o mesmo período de 2022, o declínio foi de 9,2%.

Segundo o levantamento, apenas duas regiões do país apresentaram crescimento nas vendas em relação ao período anterior. O Norte apontou crescimento de 17,5%, e o Nordeste, 1,2%. A maior queda nas vendas entre o o primeiro trimestre e o trimestre anterior foi apontada pelo Centro-Oeste (-14,4%).

Oferta Final

A oferta final, segundo o estudo, também apontou queda. O primeiro trimestre registrou 273.331 unidades disponíveis, enquanto no trimestre anterior, o número de unidades chegou a 297.770, apontando queda de 8,2%.

Considerando a média de vendas dos últimos 12 meses, se não houver novos lançamentos residenciais, o estoque se esgotaria em 10,8 meses.

Minha Casa, Minha Vida

Apesar de o programa contar com representação significativa nas unidades totais lançadas pelo país, o levantamento apontou que o programa tem perdido espaço no mercado brasileiro. No primeiro trimestre de 2021, as unidades do MCMV representavam 56% dos lançamentos, já no mesmo período em 2022 a participação foi de 42%. Este ano chegou somente a 35%.

No primeiro trimestre do ano, as quedas foram de 48,9% em unidades lançadas e de 15,9% nas vendas, na comparação com o último trimestre de 2022.

Para Celso Petrucci, os dados demonstram que o MCMV está perdendo a proporcionalidade que ele tinha no mercado.

“No programa, os lançamentos em relação ao quarto trimestre caíram quase 50%. Em relação ao mesmo trimestre de 2022, 41,8%. As vendas também caem menos, por causa da oferta. Então, ficamos com cada vez menos empreendimentos do MCMV em construção”, explicou Petrucci.

Intenção de compra

O CEO da Brain, Fabio Tadeu, apresentou dados sobre a intenção de compra do consumidor, com base em pesquisa aplicada em 31 cidades do país. “Depois de dois anos em queda, chegamos num patamar de base da intenção de compra de imóveis, passamos de 31% em novembro do ano passado para 35% em março deste ano”, mostrou Fábio.

Segundo a pesquisa, 30% das famílias pretendem fechar negócio em até um ano e 9%, em até seis meses. “A principal motivação dessas pessoas é sair do aluguel e adquirir o primeiro imóvel”, destacou Tadeu.

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