Edifícios “Energia Zero” são aqueles capazes de atender às demandas energéticas e conforto do usuário sem depender do fornecimento externo de energia elétrica, ou compensando seu consumo através de geração localizada de energia renovável. De uma forma ou de outra são autossuficientes energeticamente. Configuram-se como edificações de qualquer escala e tipologia, desde residências unifamiliares até grandes edifícios corporativos.
Um edifício como esse deve ser projetado para inicialmente reduzir ao máximo o consumo. Sem redução de consumo não se faz um edifício energia zero. A redução no consumo inicia-se através de um bom projeto arquitetônico que adote técnicas bioclimáticas eficazes como ventilação natural, fachadas de alto desempenho térmico e altos níveis de iluminação natural. Sistemas ativos eficientes de condicionamento e iluminação devem ser explorados em segunda instância.
Apenas em terceira instância no processo de projeto, sistemas de energia renováveis autônomos ou integrados à rede devem se encarregar do restante da demanda energética do edifício. A aplicação de energias renováveis sem a atuação precisa na redução do consumo será pouco ou nada eficaz na produção de edifícios energia zero.
Existem modelos de edifícios como esse em operação no mundo. Um dos mais emblemáticos é o complexo residencial BedZed com 82 casas no Reino Unido, construído entre 2000 e 2002. Já naquela época deu-se fundamental importância à concepção arquitetônica na correta orientação solar, sistemas de ventilação natural, adequado isolamento térmico, entre outros. O BedZed foi projetado pelo escritório britânico de arquitetura Zed Factory com assessoria bioclimática e energética do Eng. Chris Twinn, referência mundial no assunto, e com quem tive a honra e o prazer de trabalhar durante alguns anos em Sydney, absorvendo e trazendo para a prática de consultoria da Ca2 muitas de suas ideias e métodos de análise em design bioclimático.
O projeto foi um dos pioneiros no mundo, e muitas lições foram aprendidas para aplicação em larga escala desde então. Vejo no Brasil hoje um movimento acadêmico para a pesquisa de edifícios energia zero, porém ainda embrionário em aplicação prática no mercado. Nossa experiência em projetos globais nos informa que é possível e factível dentro de condicionantes do mercado brasileiro.