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Estudo prevê tombo de 11% no setor da construção civil neste ano

Covid-19 derruba o otimismo no momento em que o mercado imobiliário retomava o fôlego perdido na crise de 2014 a 2018

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Por João Sorima Neto, O Globo. Depois de recuperar fôlego ano passado, com crescimento de 1,6% após cinco anos de retração, o setor de construção voltará ao vermelho este ano, como resultado do impacto da pandemia do coronavírus na economia.

Segundo uma estimativa feita pela Fundação Getúlio Vargas/IBRE, o tombo da construção civil deve chegar a 11% este ano, caso se confirmem as previsões de queda de 5,4% no PIB brasileiro.

No fim do ano passado, a aposta era de que 2020 seria um ano de crescimento de 3% do setor, com abertura de 150 mil vagas de trabalho.

— O setor vinha se recuperando, embora numa base ainda baixa em relação à queda superior a 30% no PIB da construção, entre 2014 e 2018. Com a pandemia, porém, houve paralisação tanto pelo lado da oferta quanto da demanda — diz Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/IBRE.

Em abril, o Índice de Confiança da Construção (ICST), também medido pela Fundação Getúlio Vargas, recuou 25,8 pontos, atingindo a marca de 65 pontos. Essa é a maior queda mensal e o menor valor do índice desde o início da série histórica, em 2008.

Em março de 2020, foram comercializadas na capital paulista 2.683 unidades residenciais novas, segundo Pesquisa Secovi-SP do Mercado Imobiliário. Com esse resultado, as vendas do mês ficaram 36% abaixo das vendas de fevereiro.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o tombo foi de 13,8%.

Estandes fechados

Os estandes das incorporadoras estão fechados. Somente as vendas on-line são possíveis — o problema é que, em geral, vendas on-line terminam presencialmente.

Para tentar dar impulso ao setor, a Caixa Econômica Federal lançou em abril um programa que dará seis meses de carência para financiamentos de imóveis novos.

A consultoria Tendências observa que o juro baixo e a inflação controlada são fatores que podem estimular a recuperação do setor. A Caixa, por exemplo, tem financiamentos com juros a partir de 6,5% ao ano com parcelas corrigidas pela TR (Taxa referencial), ou juros de 2,95%, com prestações corrigidas pelo IPCA.

José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), teme que os bancos privados fiquem ainda mais restritivos com o crédito nesse cenário de aumento de desemprego e incerteza em alta:

— O maior problema pode ser o encolhimento das linhas de crédito— prevê Martins.

Uma das preocupações do setor é a possibilidade de mudança no cronograma de leilões e concessões de infraestrutura, o que atrasaria os investimentos em obras.

Já o segmento de autoconstrução (habitações feitas por pequenos empreiteiros ou pelos próprios moradores), que vinha crescendo mesmo com o desemprego elevado, travou.

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