Estevão Taiar e Arícia Martins, Valor Econômico. Questionado sobre o pleito do setor de construção civil, que lida com um quadro de escassez de insumos, para reduzir as tarifas de importação de aço, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje que está em contato com produtores e consumidores do insumo, e que o setor fez um acordo informal com o governo de não reajustar preços até o fim do ano.
“Por outro lado, eles aceitam uma queda de 10% na tarifa de importação. Nós já tínhamos avisado que faríamos isso. Nós estamos em disputa”, afirmou Guedes, que foi o convidado de hoje da live do Valor. Segundo o ministro, a importação desse insumo aumentou fortemente, enquanto as exportações caíram, o que já melhora o abastecimento interno.
“O setor de construção civil está em um boom”, disse Guedes. “A indústria do setor saiu procurando insumo, e o forno estava desligado”. Para o ministro, o aquecimento da atividade na construção está relacionado ao baixo nível dos juros no país, que fez o setor “bombar”.
“Com juros de um dígito, uma década à frente enxergando juros de um dígito, a construção civil bombou”, comentou o ministro.
De acordo com o ministro, o governo reduziu em 10% as alíquotas para importação de bens de capital e destacou que “queríamos justamente dentro do Mercosul obter acordo para cortar em 10% em tudo, não só bens de capital”. “Já havíamos baixado a tarifa de bens de capital, mas queríamos baixar de todos, uniforme”.
Guedes afirmou que essa questão das tarifas é motivo de disputa do Brasil dentro do Mercosul. “Temos um problema no Mercosul. O Brasil quer a modernização do Mercosul. O Uruguai está conosco, quer a modernização. O Paraguai subiu no muro e a Argentina está contra”, disse. “Vamos ter que tomar uma decisão”, disse.
“Queremos que eles [argentinos] nos deixem fazer. Queremos reduzir as tarifas de importação. Tecnicamente é o momento ideal. É a hora certa de abrir. E nós vamos fazer isso. Eu gostaria de fazer isso amanhã”, disse.
Segundo Guedes, o Brasil precisa aproveitar a presidência rotativa do Mercosul para liderar a modernização do bloco. “Eu gostaria de fazer isso [baixar em 10% a TEC] em uma semana, unilateralmente, se for o caso. Mas como temos acordos, aí depende. Não podemos deixar que Mercosul se transforme num fator de atraso”.
Conteúdo publicado no Valor PRO, serviço de tempo real do Valor.