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FGV divulga novos pesos de itens e capitais para cálculo da inflação da construção civil

Entre as novidades na nova estrutura do índice estão o aumento de importância de itens como vergalhões de aço, cujo peso mais que dobrará

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Alessandra Saraiva, Valor Econômico – A Fundação Getulio Vargas (FGV) lançará em julho o novo Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), indicador da instituição que representa 10% no cálculo dos Índices Gerais de Preços (IGPs) calculados pela fundação. Nesta quarta-feira (21), a instituição anunciou os pesos atualizados dos itens e capitais que irão compor o INCC a partir do próximo mês, bem como quais subitens serão acrescidos ao cálculo do indicador. Entre as novidades na nova estrutura do índice, cujo resultado reflete a inflação da construção civil, estão aumento de importância de itens como vergalhões de aço, cujo peso mais que dobrará; e diminuição de peso dos preços de construção civil praticados em Brasília.

Assim como já anunciado em nota técnica veiculada pela FGV em fevereiro, em relação à estrutura atual do INCC, haverá aumento do número de subitens, de 52 para 79; e de itens, de 11 para 20. No sentido oposto, haverá redução do número de subgrupos, de 10 para nove, com a saída do subgrupo serviços pessoais. O número de grupos se manterá estável, em quatro.

Dos 79 tipos de materiais, equipamentos e serviços, que farão parte do novo INCC, 19 serão categorias de mão de obra. Destacam-se, entre as mudanças de peso, do indicador atual para o novo a partir de julho, vergalhões e arames de aço ao carbono, que passaram de 3,02% para 6,50%; e massa de concreto, que subiu de 2,27% para 4,45%; servente, que diminuiu de 9,73% para 2%; e carpinteiro, que reduziu de 5,68% para 2,98%.

Outra atualização de ponderação no novo INCC será no peso de cada capital no cálculo. O índice, no entanto, continuará contando com sete cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre e Brasília, cada uma respondendo por uma parcela do índice nacional. Os novos pesos foram extraídos das Contas Regionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e refletem, de acordo com o Produto Interno Bruto (PIB), o peso da construção civil nos Estados onde os municípios destas cidades estão localizados, explicou a FGV, em comunicado sobre a atualização do indicador.

Entre as capitais, chama atenção a perda de peso de Brasília, que passará a ter fatia de 2,87% no total do novo indicador, ante participação atual de 10,5%. Também perderão peso Recife, de 5,24% para 3,81%; Salvador, de 9,31% para 7,84%; e Porto Alegre, de 11,04% para 10,54%. Em contrapartida, aumentaram os pesos de São Paulo, ainda a capital de maior relevância no cálculo do INCC e com aumento de fatia, de 43,29% para 44,51% no total do indicador; Rio de Janeiro, cujo peso aumentou de 9,49% para 14,27%; e Belo Horizonte, cujo peso subiu de 11,13% para 16,16%.

Todo o detalhamento dos novos pesos pode ser encontrado no site do FGV/Ibre. Os pesos que vigorarão a partir de julho de 2023 serão atualizados separadamente para as versões 10, M e DI do INCC, após divulgados os resultados destes índices referentes a junho de 2023.

Custo de água e luz na obra

O novo INCC passará a incluir custos de luz e água nas obras do setor. Ao mesmo tempo, servirá como base para atualizar a taxa de inflação da construção, que é usada no cálculo de pagamento de parcelas de financiamento em imóveis novos. Isso porque o indicador é muito usado como fator de reajuste do saldo devedor para imóveis adquiridos ainda na planta.

As afirmações são dos economistas André Braz e Ana Castelo, da FGV, que detalharam hoje a atualização de pesos de produtos e serviços usados no cálculo do INCC, que passará a vigorar em julho.

Os especialistas comentam que a atualização de pesos de itens usados no cálculo do indicador era uma demanda antiga do mercado imobiliário. A última atualização de pesos no indicador foi feita em 2009. “Essas mudanças têm por objetivo captar melhor as mudanças [em evolução de preços] que ocorreram no setor [desde então]”, completou a economista.

Ana Castelo lembrou que o setor da construção passou por um “boom” de 2007 até 2014 no país, quando foi atingido pelo período de recessão econômica no país. Desde então, encontra-se em processo de recuperação, e passou por muitas mudanças que afetaram o perfil de gastos das construtoras – incluindo a pandemia em 2020.

“Por exemplo, nos últimos anos, tivemos as construtoras mais como gestoras de obras, e crescimento de empresas de serviços especializados”, lembrou a economista. Ela comentou que, com isso, ocorreu crescimento de número de companhias especializadas em pintura; em terraplenagem, em hidráulica, entre outras, que são contratadas para fazer os empreendimentos saírem do papel. Esta terceirização mudou a planilha de gastos necessários para tocar um projeto imobiliário. “Essa mudança tem implicação no perfil do índice”, notou.

Entre as modificações feitas para atualizar o índice aos novos tempos, detalhou Braz, agora será incluso conta de água, que representará 0,21% do total do INCC; conta de luz, com peso de 0,45%; parte de instalação contra incêndio, com fatia de 0,8%; infraestrutura de barracão de mão de obra, com peso de 0,4%, entre outros. Ao todo, o número de subitens subiu de 52 para 79 e de itens, de 11 para 20.

A atualização de pesos também foi geográfica e, embora tenha se mantido em sete capitais a abrangência de coleta de preços do indicador, mudou o peso de cada uma delas, no cálculo do INCC. Isso reflete o peso do setor em cada capital, já atualizado pelas Contas Regionais do IBGE. Quem mais perdeu participação foi Brasília. E quem mais ganhou foi Belo Horizonte. A FGV passará a ter, de forma sistemática, séries históricas do INCC para todas as capitais usadas no cálculo do indicador, informou Braz.

Outro aspecto que será abordado pelo indicador é o cálculo da inflação da construção de acordo com o perfil do empreendimento. A FGV calculará INCC em três versões: padrão econômico, que representa custos de projetos para baixa renda, como Minha Casa, Minha Vida; padrão médio e padrão alto. Essas taxas não serão divulgadas de forma sistemática, mas comporão o desempenho do INCC total, que será uma média dessas três classificações, com pesos respectivos de 33%, de 41%, e de 26% no total do indicador.

Para Braz, a construção de cálculos nessas categorias só deixa o indicador mais “aderente” aos ciclos e mudanças pelos quais passou, e passa, o setor da construção civil. “[A atualização de pesos reflete] a importância do índice ser mais atrelado ao que ocorre no mercado”, resumiu Braz.

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